José Eduardo Dutra sai como candidato à presidência nacional do PT.

Fernando Ferro foi lançado como candidato à presidência estadual do Partido dos Trabalhadores (Foto: Alexandre Severo/JC Imagem) De Política/Jornal do Commercio Mesmo reforçando a necessidade de fortalecimento do PT e de uma disputa interna mais branda, o Campo de Esquerda Unificado (CEU) não abandonou as críticas ao “grupo hegemônico” da legenda.

Para o deputado federal Geraldo Magela (DF), candidato à presidência nacional pelo Movimento PT e um dos nomes apoiados pelo CEU, o partido “se transformou numa secretaria de homologações de indicações do governo Lula, muitas vezes só de uma determinada tendência”.

Em seu discurso, ontem, no Recife, Magela enfatizou que “o PT hoje é propriedade de uma única tendência” e, por isso, “tem de voltar a ser um partido de todos”.

Magela prestigiou o lançamento do candidato do CEU à presidência estadual do PT, o deputado Fernando Ferro, em evento ocorrido na Câmara do Recife e que terminou reforçando o nome do ex-prefeito João Paulo para o senado.

Entre os diversos discursos realizados, permeou a ideia de que o PT foi desvirtuado e se afastou dos movimentos sociais e das suas origens.

O alvo das críticas era o principal oponente do CEU dentro do Processo de Eleições Diretas (PED) – a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB).

Tida como hegemônica, a CNB tem hoje a presidência nacional e estadual do partido.

Para Magela, o PED terá um papel fundamental para tirar o PT do caminho em que está. “Há um processo de avaliação do próprio campo majoritário, que do jeito que é hoje não pode continuar.

E nós vamos fazer esse debate para oxigenar o PT”.

Fernando Ferro destacou o bom relacionamento com petistas do grupo adversário, mas não deixou escapar algumas alfinetadas.

Numa comparação com a CNB, destacou que o CEU não era monolítico e burocrático, nem “construído dentro de uma redoma”.

E completou dizendo que não aceitaria práticas deletérias, vendendo a alma ao diabo para ganhar as eleições.

Já o CNB fez evento no Recife para o lançamento do seu candidato nacional – o ex-presidente da BR Distribuidora e ex-senador José Eduardo Dutra (SE).

Em entrevista na sede do PT – acompanhado do presidente estadual e candidato à reeleição, Jorge Perez –, Dutra adotou um discurso mais moderado, colocando-se como candidato da continuidade, defendendo a política de alianças do atual governo – inclusive considerando natural a presença do PMDB na chapa majoritária – e negando o afastamento do partido dos movimentos sociais. “Devemos ter aliança com o PMDB em nível nacional, pelo aspecto institucional, por reproduzir a atual base de apoio ao governo Lula e pelo tempo de televisão também”.

Para ele, a lógica regional (política de alianças) não pode se sobrepor ao projeto nacional.

Em Pernambuco, considerou que o PT tem amplas condições de reivindicar espaço na chapa majoritária do governador Eduardo Campos (PSB). “Para o cargo que lhe couber dentro dessa composição, o partido teria vários nomes viáveis.” Sem dizer que o PT deve disputar o Senado, defendeu a ampliação da legenda naquela Casa.

Dutra destacou a importância da candidatura única da ministra Dilma Rousseff à presidência da República, pois o foco da campanha deveria ser a comparação entre os oito anos do governo Lula com o mesmo período de FHC (PSDB).

Mas ponderou que a candidatura do deputado Ciro Gomes era uma decisão do PSB.

O secretário Humberto Costa considerou que as críticas do CEU ontem são normais pois ficaram no campo da política. “Ninguém está querendo fazer com que não haja divergência no debate”.

CEU e CNB devem voltar a se encontrar na próxima semana.

JOÃO PAULO O ex-prefeito João Paulo foi recebido ontem com muitos aplausos e gritos por petistas que lotaram a Câmara do Recife no lançamento da candidatura de Ferro.

Saudado com o coro “ô ô ô, João Paulo senador”, o petista agradeceu “o carinho” mas disse que vai cumprir a decisão que o partido achar melhor.

Os deputados federais Geraldo Magela (DF) e Fernando Nascimento (PE), porém, trataram o ex-prefeito como “futuro senador”.

Segundo Magela, “eleger um senador” é uma prioridade do PT no Estado.

Para ele, João Paulo já foi escolhido “pelo povo” para ocupar essa vaga. “No caso da candidatura ao Senado, eu acho que quem decidiu foi o povo.

O nome é João Paulo”.