KENNEDY ALENCAR Colunista da Folha Online O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, diz que Luiz Inácio Lula da Silva “é o cara”.
No entanto, ignora o pedido do presidente do Brasil para participar de uma reunião da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), a fim de discutir o polêmico uso de bases da Colômbia por militares americanos.
Obama afirma que vai priorizar uma economia com menos emissão de carbono e flerta com os biocombustíveis.
Mas reduzir as restrições à importação do etanol brasileiro será muito difícil, praticamente impossível.
O americano promete olhar mais para a América Latina.
No entanto, duas guerras (Afeganistão e Iraque) e uma agenda interna complicada (sistema de saúde e discurso presidencial nas escolas) concentram sua atenção.
Quem realmente tem feito parceria internacional com o Brasil é a França de Nicolas Sarkozy.
Lula propõe na ONU (Organização das Nações Unidas) um fundo internacional de combate à pobreza, a França dá gás e dinheiro à iniciativa.
Nas reuniões do G8 mais emergentes e do G20, Sarkozy joga mais afinado com o brasileiro.
Resultado: na hora de assinar o maior contrato militar da história recente, não é surpresa o Brasil optar pela França.
Não faz muito tempo os EUA vetaram a venda de aviões militares brasileiros à Venezuela para impedir transferência de tecnologia.
A França promete dividir com o Brasil esse tipo de conhecimento.
Obviamente, há senões e dúvidas.
O preço é justo?
O equipamento militar francês é o mais adequado para um país com as dimensões continentais do Brasil?
O que a França pretende comprar do Brasil?
Politicamente, faz bastante sentido.
Parece justo dar preferência a quem o trata como parceiro e não como colônia.
Mas, econômica e militarmente, o governo Lula precisa responder e convencer.
Afinal, é muito dinheiro.
Só o acordo militar já fechado é de cerca de R$ 22 bilhões.
E o acerto para a provável compra de 36 caças Rafale ainda não tem preço sabido.