Editorial do Jornal do Commercio deste sábado A posição do governador Eduardo Campos sobre a questão dos royalties do pré-sal não é apenas correta: ela expressa a capacidade de resistência nordestina por uma nação brasileira. “Se for no cabo de aço, não tenho dúvida, vamos ganhar”, disse o governador.
Suas palavras foram firmes, corajosas, e têm sustentação na força da bancada regional, e pernambucana em especial, para fazer-se ouvir e aplacar o grito dos que pensam o nosso País em pedaços, Estado por Estado, como se fosse possível imaginar o crescimento do Rio, São Paulo ou qualquer outra unidade da Federação fora da história do Brasil.
Essa história – sabem muito bem nossos irmãos mais privilegiados – foi escrita por todos os brasileiros e teve capítulos de muito suor e lágrimas dos que fugiram do Nordeste pela fatalidade climática.
Agora, assombra que se veja e ouça velhas formas de separatismos com carimbo oficial, partidas de representantes do povo que foram escolhidos, seguramente, com muitos votos de nordestinos.
Mas não é por aí que passa a questão dos royalties.
Ela tem um fundamento mais sólido, constitucional e humanitário.
Na letra da lei está o compromisso de um governo republicano, para todos.
E o sentido humanitário pode sempre ser encontrado na desigualdade que aprofunda o fosso separando irmãos, filhos da mesma pátria.
Por isso o tratamento desigual para os desiguais, fundamento dos incentivos fiscais que foram criados com a Sudene.
Se não vingaram os incentivos fiscais, se o País continuou com as desigualdades entre as regiões e a Nação encontra no pré-sal o caminho possível para eliminar as distâncias, aproximar os brasileiros de um ideal de qualidade de vida, é incompreensível que sejam levantadas barricadas estaduais, fronteiras que desconhecem a unidade da Nação e só podem contribuir para fazer mais profundo o fosso que separa os brasileiros mais pobres do Norte e Nordeste de uma suposta casta do Sul-Sudeste, como se fosse possível pensar um país fatiado, com unidades federativas se contrapondo em conflitos fratricidas.
Por isso saudamos a postura do governador Eduardo Campos e do governador baiano, Jacques Wagner, também defensor da distribuição igualitária dos royalties.
Outro não é o significado da política social que se pretende tirar do petróleo, para o combate da pobreza. É lastimável que uma figura importante da República, a ministra Dilma Rousseff, se recuse a entrar na polêmica para defender a política social do governo, que passa, necessariamente, pela redistribuição da renda nacional, pela locação de recursos públicos onde eles forem mais necessários.
Entende-se que ela se preocupe com os eleitores do Sul-Sudeste, mas não bate com a ética desejável do poder, que está fundada até mesmo na letra constitucional, que preconiza uma só nação, com o atendimento das necessidades básicas de todos os brasileiros.
Com essa divisão, com a postura elitista e segregacionista de governantes estaduais que se julgam donos da riqueza nacional, é importante o contraponto corajoso do governador Eduardo Campos.
O fato de fazer parte da base aliada do governo federal valoriza ainda mais essa postura.
Mostra que ele defende o mais justo, não apenas para Pernambuco mas para todos os Estados que podem ficar excluídos de um processo que se anuncia histórico para a economia e o bem-estar dos brasileiros.
A firmeza do governador deve repercutir em todos os segmentos, inclusive entre seus adversários, porque não está em jogo mandato eleitoral, mas o futuro de todos os pernambucanos, de todos os brasileiros.
O governador Eduardo Campos pode contar com nossa participação neste cabo de aço.