Por Fernando Castilho, na coluna JC Negócios O debate ainda vai começar para valer, mas já é possível identificar que o Congresso Nacional, ao tentar definir as normas de uso da web nas próximas eleições, tratou a rede como se fosse apenas um meio onde se lê e-mail e texto dos jornais impressos.
E corre o risco de editar uma lei que, pela dinâmica do veículo, ridicularize o Brasil no ciberespaço.
Por não ter percebido que a web é um meio totalmente independente e que não seguirá as mesmas regras de rádio e TV.
Não é broadcasting, onde uma emissora transmite um sinal.
A questão vai um pouco além da reação da mídia que vê a proposta do Congresso como tentativa de tolher a liberdade de expressão dos internautas.
Reflete a percepção de nossa classe política (que usa pouco a internet) e ainda confunde o conceito de transparência com a ideia de colocar informações periféricas no site do Congresso.
Não viu e não opera as ferramentas de cruzamento de dados que permitem que informações disponíveis pelos órgãos do governo possam ser porta de acesso a ação do Executivo, que eles poderiam capturar e transformar o resultado em ação parlamentar.
A proposta de tratar a informação na internet sob a visão de rádio e TV é velha e tem furos globais.
Não atentou que no Brasil temos 70 milhões de usuários que passam em média 25 horas/mês nela e operam novas redes sociais.
Gente que não acessa, inclusive, veículos tradicionais.
Internet hoje é ferramenta de debate social.
Vai de site a blogs, microblogs e portais.org de debates, e que juntam som, imagem e dados fora da mídia.
Ninguém está sujeito a censura no seu e-mail, no seu vídeo no youtube e banco de imagens no slide-share para formar opinião.
A internet já mudou o jeito de votar nos Estados Unidos.
Alguém acha que em 2010, no Brasil, será diferente?