Por Giovanni Sandes, de Economia / JC A Refinaria Abreu e Lima representa a tão sonhada redenção econômica de Pernambuco.
Milhares de empregos na construção e 1.600 vagas diretas na operação, além da indução de uma longa cadeia de fornecimento de serviços e produtos, são apenas alguns dos benefícios desse empreendimento, esperado há pelo menos 30 anos.
Mas, com tantos números, a própria Petrobras não sabe quanto custará a refinaria e esse virou seu maior calo.
O choque entre as cifras divulgadas pela estatal e pelo governo federal foi a deixa para o questionamento de vários contratos do empreendimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, no Senado.
A CPI convocou para depor, na próxima terça-feira, André Delgado de Souza, técnico do Tribunal de Contas da União (TCU) que trabalhou em duas auditorias que somam cerca de 4 mil páginas de documentos, cada uma.
Além das várias suspeitas de sobrepreços e superfaturamento – como nas obras de terraplenagem ou na casa de força da refinaria –, os relatórios das auditorias questionam a ausência de um orçamento claro da Petrobras para o empreendimento pernambucano.
No último domingo, o JC publicou matéria sobre a falta de definição no custo da refinaria e, na última terça-feira, o assunto ganhou força especialmente porque a Petrobras levantou uma nova cifra de investimentos: US$ 12,29 bilhões.
Em 2005, quando a refinaria foi anunciada, custaria US$ 2 bilhões.
De lá para cá, foram inúmeras as cifras diferentes (veja o quadro ao lado).
Em nota oficial que circulou para responder às questões levantadas na CPI, a Petrobras divulgou sua versão sobre o novo reajuste divulgado por seu gerente-geral de Implementação de Empreendimentos para a Refinaria Abreu Lima, Glaucco Legatti, em um depoimento de mais de quatro horas, no Senado. “Durante a fase de elaboração do projeto conceitual, a refinaria foi orçada em US$ 4,05 bilhões, com capacidade para processar até 200 mil barris de petróleo por dia.
Nessa época, o investimento na construção de uma refinaria, seguindo parâmetros internacionais, era de US$ 20 mil por barril de capacidade”, diz um trecho do informativo. “Com a conclusão do projeto básico e o aumento da capacidade de refino para 230 mil barris por dia, os investimentos chegaram a US$ 12 bilhões.
Esse valor é perfeitamente compatível com os custos de construção de uma refinaria, hoje na faixa de US$ 50 mil por barril de capacidade.
A taxa de câmbio também teve efeito nessas projeções”, diz o informativo, em outro trecho.
Mas, além das justificativas de câmbio, agregação de novas tecnologias e majoração de equipamentos e insumos, a própria estatal confirmou, no mesmo dia, na CPI, que a terraplenagem custará R$ 100 milhões a mais do que o valor original contratado.