Por Giovanni Sandes, de Economia /JC A Petrobras apresentou ontem um novo número para o custo total da Refinaria Abreu e Lima, de US$ 12,29 bilhões (R$ 22,8 bilhões, na cotação de ontem), e elevou ainda mais as críticas quanto à sua dificuldade em dar uma estimativa quanto ao custo final do empreendimento.
A estatal sustenta que o dado original, de US$ 4,05 bilhões (R$ 7,5 bilhões), era da “fase conceitual” e até o novo número não é final, pois a refinaria tem vários contratos ainda em negociação.
No último domingo, o JC revelou que a Petrobras simplesmente não sabe informar quanto custará a refinaria, especialmente depois de receber propostas por contratos que poderiam fazer seu custo final superar R$ 23 bilhões.
A companhia cancelou licitações e convocou nova rodada de concorrências públicas, mas nunca havia admitido a cifra como valor oficial.
Ontem, a nova estimativa foi apresentada na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, que ouviu durante mais de 4 horas o gerente-geral de Implementação de Empreendimentos para a Refinaria Abreu Lima, Glaucco Legatti, e o gerente de Engenharia de Custos e Estimativas de Prazos da Petrobras, Sérgio Arantes.
Ainda no início dos trabalhos, o relator da CPI e líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), perguntou sobre o valor final. “Estamos trabalhando para atualizar os números.
No nosso plano de negócios, a estimativa é de US$ 12,29 bilhões”, disse Glaucco.
Segundo ele, a nova cifra leva em consideração várias tecnologias adicionadas ao projeto, como tratamento de enxofre, e também traduz um aumento de 60%, de 2004 a 2008, na média mundial de preços de fornecimento para o setor de petróleo e gás.
A oposição questionou a explicação. “Quando fui governador do Ceará, discuti com a Petrobras a implantação de uma refinaria com capacidade para 200 mil barris por dia.
E qualquer alteração de 20% no valor do projeto era uma mudança total do empreendimento.
Isso é um erro gravíssimo (de estimativa), muda todo o quadro de retorno do investimento”, criticou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
O senador pernambucano Sérgio Guerra, também tucano, comentou que em outras áreas o custo de máquinas e equipamentos caiu, por causa da pouca demanda em meio à crise mundial, mas a refinaria, ao contrário, teve seu custo elevado. “Os mercados se atrapalham, os preços afundam, mas a refinaria custa três vezes mais”, atacou.
Em defesa da estatal, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) ressaltou a “excelência incontestável” do corpo técnico da companhia e citou uma conta que seria tomada como média no mercado internacional: a de que o custo de uma refinaria se mede multiplicando sua capacidade de produção diária de barris de petróleo por US$ 50 mil. “Você multiplica por 230 mil barris por dia e sabe quanto dá?
Dá US$ 11,5 bilhões”, afirmou.