Por Jorge Cavalcanti, de Política / JC A antiga rivalidade entre as tendências do secretário estadual das Cidades, Humberto Costa, e do ex-prefeito do Recife João Paulo levou o diretório do PT de Pernambuco a ser o único entre os 27 do País a ter que recorrer à Executiva nacional para definir o vencedor, no Processo de Eleições Diretas (PED) de 2007.
Toda a confusão girou em torno das urnas de nove municípios do interior.
Elas chegaram ao destino final para serem contabilizadas após o horário definido no regimento interno do PT.
O grupo de João Paulo – que havia lançado o então secretário de governo do Recife, Múcio Magalhães – queria que as urnas fossem desconsiderados, com a alegação de que o regimento tinha que ser cumprido.
Na contagem prévia, Múcio tinha 50,69% dos votos.
O então secretario-geral do PT, Jorge Perez, vinha logo atrás, com 47,5%.
A antiga Unidade na Luta, hoje Construindo um Novo Brasil (CNB), tinha o favoritismo em oito das nove cidades e, por isso, queria a apuração de todos os votos.
Assim, levaria a disputa para o segundo turno, com o discurso de que o atraso das urnas não podia invalidar a vontade dos filiados.
A chapa de Múcio entrou com um recurso junto à Executiva nacional.
Antes da decisão da instância superior, a executiva estadual se reuniu e – por dez votos a nove – decidiu que a eleição iria para o segundo turno.
A iniciativa elevou ainda mais a troca de farpas.
Irritado, Múcio chegou a declarar que a deliberação não tinha validade. “Na liguagem do futebol, é querer ganhar no tapetão”, disse, na ocasião.
Para a comemoração dos petistas da antiga UL, a nacional acabou validando as urnas de Bodocó, Brejo da Madre de Deus, Calumbi, Canhotinho, Feira Nova, Ferreiros, Frei Miguelinho, Glória do Goitá e Petrolândia. À época, o grupo de Humberto admitiu que se dedicou à eleição menos do que deveria, por isso não liquidou o resultado na primeira etapa.
Mas intensificou a campanha no segundo turno, o que alimentou rumores de que o Palácio do Campo das Princesas havia ajudado, com o objetivo de enfraquecer João Paulo no ano em que tentaria eleger seu sucesso no Recife.
No restante do Brasil, 17 diretórios estaduais do PT foram eleitos logo no primeiro turno.
E dez, incluindo o pernambucano, foram para a segunda etapa de votação.