Da BBC Brasil Um candidato fictício às eleições alemãs ganharia 18% dos votos caso estivesse realmente concorrendo à vaga da chanceler Angela Merkel, segundo uma pesquisa de opinião.

Horst Schlämmer, figura criada pelo humorista Hape Kerkeling, está provocando confusão em uma campanha considerada morna, cujos dois principais candidatos, integrantes da atual coalizão de governo, não chegam a empolgar o eleitorado.

Vestindo um empoeirado sobretudo cinza, com corte de cabelo e óculos mais do que antiquados, um avolumado bigode e portando sempre uma capanga, Horst Schlämmer descreve seu partido como “conversador, liberal, de esquerda e um pouco verde”, e promete, caso eleito, cirurgias plásticas gratuitas e bronzeamento artificial para todos.

Ele é o personagem principal de uma longa-metragem exibido nos cinemas da Alemanha a poucas semanas das eleições para o Parlamento do país, marcadas para 27 de setembro.

Na campanha de lançamento do filme Isch Kandidiere (Eu Me Candidato, em tradução livre), Hape Kerkeling, um dos mais famosos comediantes e apresentadores da TV alemã, dá entrevistas sempre na pele do personagem, como se fosse um político real.

O estilo de marketing foi comparado ao do cômico britânico Sacha Baron Cohen, famoso mundialmente por seus personagens Borat e Bruno.

Outra fonte de inspiração é Barack Obama.

A frase “Yes, Weekend!” (sim, fim de semana), slogan do político virtual alemão, é uma paródia do mote “Yes, we can!” (sim, nós podemos) da campanha eleitoral do presidente americano.

Impacto real No filme, Horst Schlämmer é um velho jornalista, editor de um pequeno jornal de uma cidade de interior, que decide se candidatar ao posto de chanceler.

O personagem se tornou tão popular que entrou na discussão política real.

Uma sondagem realizada pelo instituto de opinião pública Forsa constatou que 18% dos eleitores votariam nele, caso não fosse apenas uma figura de ficção.

Uma candidata à prefeitura de Grevenbroich, a mesma cidade de interior citada no filme, foi repreendida pela produtora de Hape Kerkeling, após ter usado uma foto sua ao lado de Horst Schlämmer em uma peça de campanha eleitoral.

Para especialistas, o fenômeno está ligado à falta de carisma dos atuais líderes nas sondagens eleitorais, a chanceler Angela Merkel e o social-democrata Frank-Walter Steinmeier. “Schlämmer é simplesmente o oposto dos principais candidatos à chancelaria.

Merkel e Steinmeier são frios, pragmáticos e retoricamente não muito talentosos“, afirmou o consultor de marketing político Michael Spreng, em entrevista ao jornal Frankfurter Rundschau. “Ele (Schlämmer) é original e inconfundível.

E as pessoas buscam figuras originais.

Se não as encontram na política, então o fazem em outro lugar.”