(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr) Deu no Estadão A pouco mais de um ano da eleição presidencial de 2010, o governador de São Paulo, José Serra, principal nome do PSDB na disputa pelo Palácio do Planalto, conversa discretamente com aliados, aos poucos aumenta o espaço na agenda para a política e atua cautelosamente para desembaraçar nós nos palanques regionais.
Temerário de virar alvo da oposição, Serra é contra a antecipação do debate eleitoral e, até para aliados mais próximos, mantém cautela e demonstra indefinição sobre sua entrada na disputa.
O que o governador tem dito: que não é fato consumado sua candidatura à Presidência da República e não seria nada constrangedor tentar a reeleição em São Paulo, onde sua popularidade alcança quase 60%.
Reclama de quando é tratado como “pré-candidato” pelos jornais.
O que os aliados entendem é que ele vai mesmo tentar chegar ao Palácio do Planalto.
Para Serra, o lançamento precoce da candidatura contribui para antecipar o término do governo.
Com alguma dificuldade, ele tem atendido à pressão de seu partido e concedido um pouco mais de espaço na agenda para eventos políticos.
Este mês, visitou cinco Estados do Nordeste - a região, onde os tucanos perderam na última eleição presidencial, é vista como determinante para 2010.
Em Exu, a mais de 600 quilômetros do Recife, o PSDB chegou a se mobilizar para fazer uma grande recepção na cidade em que nasceu o sanfoneiro Luiz Gonzaga.
Segundo integrantes do partido, Serra pediu que não fosse dado caráter político ao evento.
O beija-mão acabou sendo esvaziado.
O silêncio sobre a candidatura causa, de tempos em tempos, críticas no partido.
Em reunião da Executiva Nacional há duas semanas, a direção foi cobrada sobre a data de definição da candidatura.
Acabou marcando reunião para discutir o tema - o “Encontro sobre Conjuntura e Estratégia para 2010” ocorrerá em 27 e 28 de agosto. “Eu achava que seria melhor antecipar a candidatura.
Cobrei isso dele.
Mas fui convencido de que não era a hora”, disse Roberto Freire, presidente do PPS.
Nas viagens, Serra acaba ajudando a desatar as alianças regionais.
Avalia-se que o PSDB errou nas eleições de 2002, com Serra, e de 2006, com Geraldo Alckmin, ao não costurar corretamente acordos nos Estados.
O caso mais emblemático é o de 2006 no Amazonas, onde Alckmin teve apenas 176.338 votos contra 1.159.709 de Lula.
Na Bahia, no começo do mês, após encontrar o governador Jaques Wagner (PT), Serra ajudou a solucionar um grande contencioso político no Estado.
PSDB e DEM estavam se engalfinhando, mas um armistício viabilizou um acordo para lançar o ex-governador Paulo Souto.
A aliança com o PMDB na esfera nacional é vista cada vez mais com ceticismo.
Na sigla, o governador tem um grande aliado, o senador Jarbas Vasconcelos (PE). “Se o PMDB não apoiar a Dilma, para nós já é uma vitória”, disse um tucano. “Estamos fechando os acordos nos Estados, caso a caso”, completou o presidente do partido, Sérgio Guerra (PE).
Serra ajudou no acordo com o PMDB em 2008, que foi determinante para reeleger o prefeito paulistano Gilberto Kassab (DEM).
Também se reaproximou de setores da sigla que apoiaram Lula em 2006, caso do governador do Paraná, Roberto Requião.
Após romper com o PT baiano, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), também está mais próximo de Serra.
Tucanos apostam ainda na aproximação no Pará com o deputado Jader Barbalho.
Em outros Estados, como Rio, Mato Grosso, Sergipe, Alagoas, Ceará e Amazonas, a possibilidade de composição está bastante difícil.
Do ninho tucano, o aliado que Serra mais escuta é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Conta ainda com sua “tropa de choque” para aparar o dia a dia político.
Esse núcleo duro, composto pelo vice Alberto Goldman, o secretário da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, e o secretário de Subprefeituras, Andrea Matarazzo, se reúne quase semanalmente fora do expediente.