Maurício Savarese Do UOL Notícias “Respeitem o líder da oposição!”, gritou Ulysses Guimarães (1916-1992) quando, em Salvador, a polícia e seus cães se colocaram diante dele, presidente do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), e de um grupo que rumava à sede regional do partido.

Era 1978 e o governo ditatorial proibia concentrações públicas.

Anos depois, a democracia retornou.

Mas aquela postura desafiadora do “Senhor Diretas” foi dando espaço ao hábito do governismo, que traçou na atual crise do Senado uma linha quase definitiva para separar os militantes históricos dos novos peemedebistas.

Antigos líderes, como Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos(PE), se esgoelaram para pedir a saída do colega de partido, José Sarney (AP), da presidência do Senado.

Acabou desdenhado pelo ex-presidente da República e pelo líder do PMDB na Casa, seu rival mais jovem Renan Calheiros (AL).

Interlocutores do mais antigo parlamentar da sigla, o deputado Mauro Benevides (CE), lamentam o fato de ele raramente ser ouvido para discutir os rumos do partido. “Eu ainda resisto porque tenho de honrar a memória de Ulysses, de Tancredo Neves e de tantos outros que representam o espírito do MDB”, disse o senador Simon ao UOL Notícias. “Mas vejo que quando eu morrer, quando o Jarbas Vasconcelos morrer, o PMDB vai ficar ainda mais distante de qualquer coerência histórica.

Hoje o partido quer administrar muitas cidades, muitos Estados, mas ele não tem projeto de administrar o país.

Quer seguir governando, acendendo vela para um lado e para o outro.

Ainda bem que o Ulysses não está aqui para ver o que fizeram com o legado dele.” Enquanto isso, figuras novas como os senadores Wellington Salgado (MG) e Almeida Lima (SE) ganham espaço por fazerem o papel de “tropa de choque governista”, em especial na defesa de Sarney, pressionado por quase todos os outros partidos a deixar o cargo após uma série de denúncias.

Esses são parlamentares que tiveram pouca ou nenhuma convivência com Ulysses e seus colegas da “Manda Brasa”, como era chamado o partido durante a luta pela redemocratização do Brasil.

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