Do Blog de Josias de Souza Além da suposta reunião com Dilma Rousseff, a ex-leoa Lina Vieira, reuniu-se com outra autoridade para tratar da fiscalização do fisco sobre os negócios dos Sarney.

A ex-secretária da Receita conversou sobre o tema com seu superior hierárquico, o ministro Guido Mantega (Fazenda).

Deve-se a informação ao repórter Alexandre Oltramari.

Em notícia levada às páginas de Veja, ele informa o seguinte: 1.

Mantega chamou Lina ao seu gabinete.

Inquiriu-a sobre detalhes da ação do fisco sobre as empresas dos Sarney, comandadas por Fernando Sarney. 2.

O ministro justificou o interesse pelo caso de forma singela: a movimentação dos auditores fiscais levara preocupação ao Palácio do Planalto. 3.

Lina repassou ao chefe o dados de que dispunha.

E, até onde foi possível apurar, Mantega deu o diálogo por encerrado sem fazer nenhum pedido. 4.

Procurado pelo repórter, Mantega fez o oposto do que fizera Dilma: confirmou a reunião com a então chefe da Receita. 5.

Mantega falou por meio do assessor de imprensa, Ricardo Moraes: “O ministro quis saber a razão pela qual detalhes da investigação da Receita sobre o filho de Sarney estavam saindo nos jornais…” “…Ele entende que a apuração, coberta por sigilo fiscal, não poderia estar vazando…” “…Foi uma conversa normal entre um chefe e um subordinado sobre um assunto diretamente relacionado às atribuições dele”. 6.

Moraes também informou que o ministro não se recorda da data em que a conversa ocorreu. 7.

Curiosamente, ao depor no Senado, na semana passada, Lina negara a existência da conversa que Mantega diz ter existido. 8.

O senador Tasso Jereissati perguntara a Lina se havia conversado com Mantega sobre o caso Sarney.

E ela: “Não”. 9.

Pessoa próxima à ex-secretária diz que ela quis evitar, por questões de lealdade, que o ex-chefe Mantega fosse arrastado para o centro da polêmica. 10.

Portou-se de forma diversa quando se referiu à chefe da Casa Civil.

Confirmou que Dilma a chamara no Planalto, para pedir agilidade na fiscalização.

Pedido que considerou “incabível”. 11.

O encontro, segundo ela, ocorrera em dezembro do ano passado, em data e horário que disse não lembrar. 12.

A reunião com Mantega, na qual o ministro teria mencionado a inquietação do Planalto, injeta mais mistério num caso já por demais nebuloso. 13.

Dilma manteve, depois do depoimento de Lina aos senadores, a sua versão.

Não nega apenas o pedido de pressa.

Sustenta que nem mesmo o encontro ocorreu. 14.

A pedido do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), a Câmara solicitou ao Planalto cópia das imagens do circuito interno de vídeo da Casa Civil. 15.

Imaginava-se que, por meio da obtenção das imagens, seria possível tirar a prova dos nove.

Não vai dar, contudo. 16.

Em nota divulgada nesta sexta (21), o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência disse que não dispõe mais das imagens de dezembro passado. 17.

Alegou que as fitas são reutilizadas em período médio de 30 dias.

Informou também que o Planalto não toma nota do número da placa dos carros oficiais. 18.

Assim, descobriu-se que, além de inseguro, o sistema de “segurança” do Planalto é incapaz de dirimir a polêmica. É a palavra de Lina contra a de Dilma.