Por Giovanni Sandes A Petrobras conseguiu reduzir em quase um terço os preços de quatro pacotes gigantes, bilionários, de contratos ainda por assinar na Refinaria Abreu e Lima.

A queda no valor global foi significativa, de R$ 17,050 bilhões para R$ 11,571 bilhões.

Curioso é que as novas propostas foram apresentadas exatamente pelos consórcios que colocaram na mesa os números iniciais, que eram 31% acima dos valores agora revisados e 68,52% maiores que o orçamento da estatal para esses quatro contratos, de R$ 10,117 bilhões.

Os novos valores constam na primeira remessa de documentos do Tribunal de Contas da União (TCU) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, uma papelada que, somando relatórios da auditoria do TCU e seus anexos chega perto de 4 mil páginas.

As alterações nos valores e também a análise do tempo de negociações evidenciam as dificuldades da estatal nas tratativas para os grandes pacotes de construção e montagem daquele que é o mais importante e esperado empreendimento industrial em Pernambuco.

A refinaria vai gerar 1.600 empregos diretos e indiretos na fase de operação, além das milhares de vagas durante as obras, e será constituída de dois grandes parques, totalizando uma capacidade de processamento de 200 mil barris de petróleo por dia, 50% do campo de Marlim, 50% de Carabobo, Venezuela.

Ela produzirá, diariamente, 2.300 metros cúbicos (m³) de nafta petroquímica, 1.600 m³ de gás de cozinha, 22 mil m² de diesel, 950 toneladas de bunker e 5.500 toneladas de coque de petróleo.

Por ser tão esperada e ter ainda um grande significado político, o prazo para o início gradativo da operação começaria a correr a partir já do próximo ano.

Mas só as negociações tiveram um atraso superior a seis meses por causa das divergências de valores. “As propostas de todas as empresas, em todos os convites, apresentaram preços manifestamente superiores ao estimado pela Petrobras”, aponta o relatório da auditoria da Secretaria de Fiscalização de Obras e Patrimônio da União (Secob), ainda sob análise do relator, o ministro do TCU Benjamin Zymler.

No caso dos pacotes bilionários que precisaram voltar à estaca zero, as licitações tiveram início em julho do ano passado.

Mas as primeiras propostas ficaram muito acima do esperado e as concorrências públicas foram canceladas.

Depois do cancelamento e reinício das licitações e negociações, a unidade de coqueamento retardado (UCR), que apresentou o maior valor na primeira concorrência, de R$ 5,978 bilhões, baixou para R$ 3,487 bilhões pelos números do Tribunal de Contas.

Ambas as propostas vieram da Camargo Corrêa e CNEC.

A construção das tubovias, que atraiu o consórcio Queiroz Galvão e IESA por R$ 4,986 bilhões na primeira rodada, na segunda licitação caiu para R$ 3,498 bilhões, confome o TCU, e virou o contrato mais caro na renegociação.

A unidade de destilação atmosférica (UDA) custaria R$ 1,899 bilhão pela proposta inicial da OAS e Odebrecht, mas, após ser relicitado, o valor baixou para R$ 1,505 bilhão.

O mesmo consórcio faria as unidades de hidrorefino (UHDT) e de geração de hidrogênio (UGH) por R$ 4,226 bilhões, mas recalculou o serviço para R$ 3,260 bilhões. “A partir da análise dos documentos fornecidos à equipe da auditoria” referentes à primeira e segunda concorrências, observa o relatório dos técnicos do TCU, “pode-se constatar que não houve alterações significativas, no cenário das licitações, no que tange às empresas/consórcios que apresentaram a proposta de menor preço.”