Por Sérgio Montenegro Filho, no blog www.polislivre.blogspot.com O placar foi o mesmo nas 11 representações: 9 votos governistas pelo arquivamento e 6 da oposição pela abertura de processo.
E foi assim que, mais uma vez, um escândalo virou pizza no Congresso Nacional, nesta tarde de quarta-feira.
Depois de todas as denúncias, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), foi considerado inocente e está livre para continuar fazendo o que mais gosta: transformando a Casa em um grande Maranhão (tomando emprestada a frase do senador pernambucano Jarbas Vasconcelos).
Alguém esperava o contrário?
Depois que o presidente Lula - ex-inimigo e hoje melhor amigo de Sarney - entrou no circuito para defender o aliado, os senadores petistas que integram o conselho sucumbiram, novamente, a pressão do chefe e votaram pelo arquivamento, desequilibrando o placar em favor do coronel maranhense.
Vergonha nenhuma.
Afinal, tudo foi feito de comum acordo.
E se Sarney tinha algo a esconder, vai manter escondido.
Até porque, se era inocente como afirmou, e todas as denúncias não passavam de uma “campanha nazista” articulada pela imprensa contra ele, por que não permitiu que as investigações continuassem até comprovar sua inocência?
Hoje, o Senado inverteu novamente a máxima: Quem deve, não teme.
Claro, se tiver um amigo como o presidente Lula e um aliado como o PT.
Quem diria que “o maior ladrão do Brasil” - frase do próprio Lula, na campanha eleitoral de 1989 - hoje seria o homem mais inocente do País?
O mais interessante da sessão do Conselho de Ética foi a nota divulgada à imprensa pelo o presidente do PT, Ricardo Berzoini.
Ele afirma que a crise no Senado é alimentada pela oposição, visando enfraquecer o governo Lula na disputa eleitoral de 2010, tentando estabelecer um ambiente de conflito num momento em que grandes temas são tratados, como o Pré-Sal e as estratégias para superar a crise internacional.
Palavras bonitas.
Mas faltou dizer o óbvio: que a preocupação de Lula em salvar Sarney é exatamente para não perder o apoio do PMDB à candidata do PT em 2010, Dilma Rousseff.
Em resumo, ganharam Sarney, Lula, o PT e o PMDB governista.
Os perdedores são a oposição, a moral, a ética.
E o povo.
Mas o povo é apenas um detalhe.
Não é mesmo, ex-ministra Zélia Cardoso?
PS - Vai uma colaboração ao eleitor que ainda consegue se indignar.
Vejam como votaram os senadores integrantes do Conselho de Ética, para o caso de desejarem tomar uma atitude sensata em 2010: Pelo arquivamento: João Pedro (PT-AM) Delcídio Amaral (PT-MS) Ideli Salvatti (PT-SC) Welington Salgado (PMDB-MG) Almeida Lima (PMDB-SE) Gilvan Borges (PMDB-AP) Inácio Arruda (PCdoB-CE) Romeu Tuma (PTB-SP) Gim Argello (PTB-DF) Contra o arquivamento: Demóstenes Torres (DEM-GO) Marisa Serrano (PSDB-MS) Eliseu Resende (DEM-MG) Rosalba Ciarlini (DEM-RN) Jefferson Praia (PDT-AP) Sérgio Guerra (PSDB-PE)