Da Agência Estado Com idas e vindas desde o início da crise do Senado, a posição do PT na reunião do Conselho de Ética desta quarta-feira, 19, foi decisiva para o arquivamento de todos os processos contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), e abriu uma crise na bancada do partido.

Contrário ao arquivamento de todas as ações, o líder da bancada no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), chegou a colocar, na noite de terça-feira, 18, seu cargo à disposição do partido, caso tivesse que substituir os suplentes Ideli Salvatti (PT-SC) e Delcídio Amaral (PT-MS).

Até antes do início da sessão do conselho, não estava claro se os dois senadores, que concorrem a reeleição no ano que vem, votariam a favor ou contra o arquivamento.

Favorável a que os senadores do PT votassem conforme sua consciência, Mercadante foi contrariado pela direção nacional do partido.

Na manhã desta quarta-feira, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, enviou uma nota aos senadores do partido pedindo unidade no arquivamento das ações contra Sarney.

Mercadante - que deve concorrer a reeleição no ano que vem - negou-se a ler o texto na comissão, deixando o constrangimento para o senador João Pedro - cujo mandato vai até 2014 - e aos membros do conselho, que votaram conforme orientação da bancada.

Delcídio criticou a atitude do líder. “Um exército forte é feito de um líder forte.

Nós nos sentimos desamparados hoje”, disse o senador petista.

Após a sessão, Delcídio contou que o combinado era que a nota fosse lida por Mercadante, para anunciar “uma posição da bancada”.

Em cima da hora, porém, Mercadante desistiu de ler a orientação do diretório nacional e pediu que o senador João Pedro (PT-AM) anunciasse a nota em seu lugar.

Na avaliação do líder do PT, que não é integrante do conselho, arquivar as denúncias e representações contra o presidente do Senado não seria a melhor maneira de tentar solucionar a crise política no Senado. “Fiquei constrangido em votar pelo arquivamento das ações”, confessou o senador, “mas sou um homem de partido.

Ser governo não é só ficar no bem-bom, tem que mastigar o osso”, afirmou Delcídio.