Por Isaltino Nascimento A expressão latina Habemus papam, que é proferida do balcão da Basílica de São Pedro, em Roma, a cada vez que é escolhido um novo pontífice e significa “Temos um papa”, tem um simbolismo enorme para os católicos.

Não apenas pelo secular ritual da eleição envolvendo o Sacro Colégio de Cardeais, mas pela expectativa em torno do eleito a gerir os destinos da Igreja em todo mundo.

Há 24 anos a comunidade católica de Pernambuco viu o elo entre a igreja e os fiéis ser partido.

Este corte, adotado pelo antecessor de dom Fernando Saburido, que assumiu a Arquidiocese de Recife e Olinda no último domingo (16), afastou dos templos um sem número de pessoas.

Principalmente aqueles que beberam na fonte conciliadora de dom Hélder Câmara, entre eles políticos, sindicalistas, militantes de movimentos sociais, integrantes de organizações não-governamentais, entre outros.

Uma das conseqüências deste distanciamento, fruto da postura conservadora do seu antecessor, foi a diminuição da presença de jovens nos cultos católicos.

Outro efeito foi o aumento da presença de credos que comercializam a fé, principalmente entre os mais pobres, presas fáceis daqueles que pregam milagres imediatos em troca da esperança em conquistar emprego, moradia e resolver os problemas que lhes afligem cotidianamente.

A expectativa demonstrada por aqueles que compareceram à celebração de posse de dom Antônio Fernando Saburido enche a sociedade católica de esperança.

Pois se vislumbra a possibilidade da Igreja Católica retomar seu protagonismo no Estado, com a abertura do diálogo e de uma nova forma de conduzir o seu rebanho.

Esta esperança advém do fato de dom Fernando Saburido, pernambucano do Cabo de Santo Agostinho, ser extremamente identificado com os movimentos da igreja ligados à luta do povo, à moradia, pela cidadania e pelos direitos humanos.

Um homem de trajetória marcada pela humildade e espírito de participação, que compartilha tarefas, integra, envolve.

Segundo as palavras do próprio dom Saburido, uma de suas metas é doar-se “inteiramente ao serviço de todos, principalmente dos mais necessitados”.

O novo arcebispo também disse acreditar num tempo de esperança, deixando as portas abertas para o diálogo: “Todos serão bem vindos.

Igreja é comunhão e participação, o esforço deve ser de todos nós”.

Assim, é grande a felicidade com a chegada do novo bispo, que tem pela frente o desafio de retomar o elo partido há 24 anos.

Por isso, como expressado no título acima, agora entendemos que Habemus bispo.

PS: Isaltino Nascimento (www.isaltinopt.com.br), deputado estadual e líder do Governo na Assembleia Legislativa, escreve para o Blog todas às terças-feiras.