Brasília (13) - O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), voltou a defender nesta quinta uma ampla reforma no Senado.
Para ele, “o Senado como existe não existe mais”, tem dito.
Ao tomar conhecimento da revelação de que outros 468 atos secretos haviam sido exarados entre os anos de 98 e 99, o senador afirmou que os novos escândalos reforçam o que ele tem afirmado desde que crise tomou o noticiário no país: “se o presidente José Sarney (PMDB-AP), numa decisão de impacto, tivesse chamado para si a responsabilidade de reformar a Casa, apurando todas as irresponsabilidades e realizando uma auditoria de qualidade, boa parte dos problemas que a paralisa não existiria”.
Com a descoberta de novos atos sigilosos o número deles pode chegar a mil em dez anos.
A maioria dos despachos nomeia, demite e gratifica servidores sem transparência.
A maioria das nomeações não será revogada.
A existência deles levou o PSDB a representar contra Sarney no Conselho de Ética do Senado.
A ação, no entanto, foi arquivada pelo presidente do colegiado, Paulo Duque (PMDB-RJ).
O partido entrou com um recurso contra e medida e aguarda a votação que poderá destravá-la no Conselho.
Num dos atos secretos, Sarney mandou nomear o namorado da neta para um cargo no Senado, a pedido dela.
Defendendo-se, em tom questionador, perguntou quem não atenderia ao pedido de uma neta.
O senador tucano espera uma apuração responsável no Conselho de Ética. “Temos de cessar o exagero, ponderar as palavras e evitar os adjetivos”, tem defendido Guerra, contundente crítico da onda de chantagens e ameaças que predomina no Senado. “Chegamos ao limite.
A instituição afunda no plural”, já declarou o líder tucano em plenário O presidente do PSDB também fez observações similares, no sentido da investigação responsável, quanto à CPI da Petrobras, criada a partir de requerimento de outro tucano, o senador Álvaro Dias (PR). “O que deve nortear os trabalhos da CPI é a liberdade de expressão dos depoentes e de liberdade dos inquiridores”, afirmou.
Ele lamentou que a ex-secretária da Receita Federal não tenha sido convidada a depor na CPI. “O ideal seria que ela falasse à CPI mas por falta de maioria não foi possível”, disse.
Lina Vieira foi convidada para falar à Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado no próximo dia 18 graças à astúcia dos parlamentares oposicionistas que aproveitaram a ausência dos governistas para aprovar o requerimento que convida a ex-secretária. “A primeira pessoa a ser ouvida naturalmente é ela”, disse Guerra.
Ele acha prematuro, no entanto, especular sobre a necessidade de convidar a ministra Dilma Roussef a depor. “Mas se isso acontecer o faremos sem pré-julgamentos”, afirmou.
A ministra nega ter convidado Lina Vieira para um encontro reservado no Palácio do Planalto no ano passado em que teria pedido à então secretária da Receita que “acelerasse” as investigações do Fisco contra empresas da família Sarney.
Para Lina, que confirmou a existência da reunião, o pedido significava “encerrar” as investigações.