O cientista político Antonio Lavareda analisou a recente pesquisa (Ipespe) em torno da candidatura da senadora Marina Silva, do PT, e deu sua opinião com relação a questionamentos, como já vem sendo noticiado, do desembarque da senadora no PV, o Partido Verde. " A pesquisa tem despertado um certo nervosismo, principalmente no partido da senadora o que é absolutamente natural, receando se ver desfalcado do seu nome", afirma Lavareda.
Para ele, " os senadores, a bancada do PT, reagiram de forma, digamos, inteligente, à questão.
Divulgaram, ontem, uma carta aberta elogiando a senadora e deixando, assim, uma ponte para o segundo turno. “A questão com relação ao espaço que ela vai ocupar, requer de nós, examinarmos quatro aspectos, basicamente.
Primeiro o seguinte, do ponto de vista do gênero, a candidatura de uma mulher, isso já está visto e revisto: mais de 85% dos brasileiros dizem sim, que poderiam votar numa mulher para presidente.
Segundo lugar, alguns analistas afirmam que as eleições são bipolarizadas, serão bipolarizadas, novamente, em 2010, para presidente - isso aí os dados não suportam esse tipo de análise”, diz.
O cientista político lembra que " em 1989, a primeira das eleições presidenciais nossas, nós tivemos quatro candidatos com mais de 10%, que é o que se chamam de “candidatos competitivos”, na de 2002, final do ciclo longo com FHC, nós tivemos quatro candidaturas também competitivas, com mais de 10%, Lula, Serra, Garotinho e Ciro. 2010 é outra eleição que se dará no final de um ciclo longo, presença ao longo de dois mandatos consecutivos de um mesmo partido, no caso o PT.
E as pesquisas têm mostrado que existe um espaço ainda aberto.
A intenção de voto espontânea, por exemplo, em todos os institutos de pesquisa, no quesito “espontâneo”, só o Lula alcança dois dígitos.
Todos os outros candidatos, Serra, Dilma e os demais, aparecem com menos de dois dígitos, abaixo de 10%.
Terceira pergunta que precisa ser respondida: há espaço para o tema que a senadora representa: a questão do meio ambiente?
Aparentemente, sim", diz.
Lavareda chama ainda a atenção para que, no momento em que o mundo discute o aquecimento global, mudanças climáticas, a tese da senadora, básica, que é a do desenvolvimento sustentável, parece ser capaz de ocupar um espaço importante na agenda da população em 2010. " A pesquisa do PV divulgada mostra que a população indica, para o partido, como três principais tópicos, de uma agenda para o partido: saúde, educação e meio ambiente.
E o discurso e a abordagem da senadora podem muito integrar essas três questões.
Ou seja, Marina é diferente do que alguns analistas apontaram que seria a candidatura Cristóvão Buarque em 2006 - monotemática, mais restrita - essa analise não resiste a uma comparação que parece tosca, à luz dessas informações".
Quarto fator, a imagem pessoal. “Será que a senadora Marina tem uma imagem pessoal capaz de lhe situar como uma candidata relevante numa disputa presidencial?
A resposta a isso é, aparentemente, positiva.
Ela teve dois mandatos de senadora, aliás, mais do que o Obama, que só teve um!
Teve experiência de ministra e, nesse cenário de crise ética, a partir dessas péssimas notícias vindas do Congresso, ela representa muito de coerência, de seriedade, que a população tem reclamado”. “Aliás, a carta aberta dos senadores do PT, é um verdadeiro diploma de caráter para a candidata.
A carta diz - a define - como “doce e determinada, calma e perseverante”.
Ou seja, é uma qualificação que, com certeza, responde positivamente a esse quarto aspecto que nós levantamos “conclui Antonio Lavareda.