Por Cecília Ramos, de Política / JC As declarações do secretário de Articulação Regional, o ex-prefeito João Paulo (PT), que disse ser um “equívoco”, um “erro político” o PSB lançar o projeto Ciro Gomes para presidente em 2010 foram vistas com cautela por outros companheiros, aliados do governador Eduardo Campos (PSB).
João Paulo explicitou preocupação com o fator Ciro, chegando a declarar ao JC que a candidatura dele é uma “temeridade para as forças de esquerda”.
Assim como o presidente Lula (PT), o ex-prefeito do Recife defende o palanque único em torno da candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
O secretário das Cidades, Humberto Costa, com quem João Paulo diverge sobre a ordem de todas as coisas no espaço, e o presidente estadual do PT, Jorge Perez, também defendem o palanque único em 2010.
Mas não acham que uma candidatura de Ciro seja uma ameaça.
Contudo, ficou evidente o incômodo dos dois petistas com a forma como o companheiro João Paulo expõe opiniões e, em geral, provoca polêmica. “Chega a ser deselegante com Lula, porque ele é o comandante.
Então, uma declaração dessa (de João Paulo) é fora de hora.
Não podemos atravessar as conversas do presidente”, criticou Perez.
Humberto se disse confiante de que o projeto presidencial do PSB só sairá do forno se for em consenso com Lula. “Conversei com Eduardo sobre isso e ele deixou claro que o projeto Ciro não seria a ferro e fogo, mas para ajudar o nosso campo de forças.
Com essa condição não há problema”, pontuou.
O incômodo velado está no fato de que ainda paira uma nuvem de desconfiança sobre o campo de esquerda a cerca do futuro político do ex-prefeito.
Seria João Paulo candidato ao governo em 2010?
O petista assegura que não.
Abrigado sob as hostes palacianas, agora como secretário, o projeto é virar senador e ajudar a reeleger Eduardo Campos.
O deputado Armando Monteiro (PTB), pré-candidato ao Senado, afirmou que João Paulo apenas expressou uma opinião pessoal.
O trabalhista admitiu não saber qual a melhor estratégia nacional, mas disse estar “inclinado” ao caminho defendido pelo PT: uma disputa “plebiscitária” entre Dilma e o candidato do PSDB, provavelmente o governador de São Paulo, José Serra. “O cenário hoje está indefinido.
Mas não vejo problema no projeto do PSB para o plano nacional ou local”, pontuou Armando.
Os problemas que João Paulo disse enxergar são dois: o PSB comprometeria uma possível vitória de Dilma no primeiro turno e poderia ser prejudicial à aliança PT-PSB em alguns Estados.
Disse, com isso, que em alguns Estados os dois partidos podem “rachar” em função de projetos próprios.
O presidente estadual do PSB, o vice-prefeito Milton Coelho, não retornou as ligações do JC.