(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr) Por Ana Lúcia Andrade, de Política / JC Um dos articuladores, no PV, da candidatura presidencial de Marina Silva, Fernando Gabeira alerta para a necessidade de se criar uma estrutura que a permita cumprir seu papel.
Reconhece a incompatibilidade do projeto Marina com os projetos regionais, mas está disposto a “fazer essa engenharia”.
JC – O senhor cumpre hoje uma agenda no Recife.
Será voltada apenas para as questões ambientais ou também será uma agenda política?
FERNANDO GABEIRA – Basicamente para as questões ambientais.
Visitarei um parque que está com problemas e vou a Moreno vê a questão do incinerador.
Sábado vou fotografar Olinda como sempre faço quando passo por aí.
JC – No encontro com Marina Silva, em Brasília, o senhor sentiu se ela está inclinada a aceitar o desafio de disputar a Presidência?
GABEIRA – Conversamos para sentir exatamente o que ela pensa e como fazer para a gente avançar.
Eu creio que sim, tudo indica que ela vai aceitar.
Agora é preciso trabalhar para que haja uma boa infraestrutura para que ela possa realmente cumprir um papel importante na campanha.
JC – O senhor se refere aos palanques estaduais?
GABEIRA – Sim, mas sobretudo estrutura de viagem, propaganda, programa de televisão, essas coisas que são importantes.
JC – A candidatura Marina interfere numa eleição que caminhava para ser plebiscitária entre PSDB e PT?
GABEIRA – Há uma possibilidade de alterar, mas não podemos garantir.
Estamos propondo que o quadro se altere.
Que entre em debate a questão ambiental, as mudanças climáticas, a preparação do Brasil para uma sociedade de baixo carbono, o compromisso com a ética na política, uma série de questões que queremos trazer como elementos fundamentais.
JC – O debate ambiental é a maior contribuição da candidatura Marina?
GABEIRA - É, mas a questão da ética também.
JC – Há avaliações, como a de Ciro Gomes (PSB), de que a candidatura Marina “implodiria” a da ministra Dilma Rousseff.
O senhor enxerga essa força?
GABEIRA – A gente não sabe o que vai acontecer.
Naturalmente o Ciro deve ter elementos para avaliar assim.
Eu não tenho.
Não posso dizer se ela vai ajudar ou piorar.
Nosso objetivo é cumprir a uma tarefa.
Não gostaríamos de prejudicar nem ajudar ninguém.
Queremos desenvolver o nosso trabalho.
JC – E a aliança do PV com o PSDB e PPS?
Em São Paulo, inclusive, o PV participa dos governos Serra (PSDB) e Kassab (DEM).
As disputas locais serão alteradas em função do projeto Marina?
GABEIRA – Essa questão local a gente vai examinar.
A do Rio também, porque se eu for candidato (a governador) terei o apoio de dois candidatos à Presidência, a Marina e o Serra.
Temos que ver se a gente consegue essa engenharia.
JC – Além do projeto presidencial o PV pretende fazer uma revisão programática.
O que será revisto?
GABEIRA – Há temas que não estão ainda muito bem desenhados no programa do PV porque ganharam força depois da formação do partido.
Um deles é a questão da preparação do País para as mudanças climáticas. É um tema importantíssimo que temos que tratar.
Há outros como o da ética, o da necessidade de uma aproximação maior com a ciência, da gente ter uma base científica melhor, a questão dos novos veículos de comunicação, da explosão da rede de informática, que políticas a gente vai ter para isso.
Precisamos dar uma ênfase também na ecologia urbana.
O PV nasceu muito voltado para a questão da Amazônia e deixou de lado temas que são muito urbanos e atingem a maioria da população do Brasil.