Na Agência Brasil A juíza federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, Simone Barbisan Fortes negou o pedido de afastamento da governadora Yeda Crusius, feito pelo MPF (Ministério Público Federal) na ação que acusa a líder do executivo local e mais oito pessoas de atos de improbidade administrativa.

Na decisão, de duas páginas divulgada na noite da última segunda-feira (10/8), a juíza alega que não há elementos que justifique o afastamento.

No texto, a juíza avaliou que o afastamento seria prematuro nesse momento e poderia significar um julgamento prévio da governadora, com efeitos importantes sobre o estado do Rio Grande do Sul. “Incumbe pontuar que nesse momento seria extremamente prematuro adotar a medida postulada, que implicaria, num certo sentido em um juízo prévio de responsabilidade”, diz a decisão.

A juíza ainda decidiu quebrar o sigilo em parte da ação: apenas informações que envolvem dados bancários, fiscais e telefônicos permaneceram em segredo. “Não se trata mais de investigação e sim de uma ação civil pública de improbidade administrativa.

Logo, cai por terra um dos pilares justificadores da manutenção de sigilo sobre atos investigatórios que antecedem o presente feito”, justifica a juíza.

A ação contra a governadora foi apresentada à Justiça Federal de Santa Maria, município a 300 quilômetros de Porto Alegre, na semana passada.

Os procuradoresacusam a governadora de atuar pela manutenção de um esquema que desviou R$ 44 milhões dos cofres públicos.

O esquema foi investigado pela Operação Rodin, deflagrada em maio de 2007 pela Polícia Federal, e envolve fraudes no Detran (Departamento de Trânsito do Estado) que teriam começado em 2003.

A PF fez escutas telefônicas de diversas pessoas suspeitas de usar fundações de apoio vinculadas à UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) para praticar crimes, como fraudes em licitações e desvio de recursos públicos.

A ação também acusa a governadora de receber propina de R$ 170 mil mensais de empresas prestadoras de serviços ao governo.

Os procuradores sustentam que o grupo ligado ao Palácio Piratini, sede do governo local, agia como uma “organização criminosa” e citam o uso de empresas de fachada e de “laranjas” para fazer a entrega do dinheiro.

Estão citados na ação, além da governadora, seu ex-marido, o professor Carlos Crusius, o deputado federal José Otávio Germano, os deputados estaduais Luiz Fernando Záchia (PMDB) e Frederico Antunes (PP), o ex-secretário Delson Martini, a assessora da governadora Walna Vilarins Meneses, o vice-presidente do Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul), Rubens Bordini, e o presidente do TCE (Tribunal de Contas do Estado), João Luiz Vargas.