No Blog de Antônio Magalhães No centenário de nascimento do paisagista Roberto Burle Marx, conhecido por seu vanguardismo na montagem de praças e jardins urbanos com a flora nacional, vale contar algumas histórias sobre sua vida, passada em parte no Recife.
Burle Marx, falecido em 1994, criou a Praça de Casa Forte, a praça do Clube Internacional - o primeiro jardim temático do paisagismo mundial - e os jardins do Palácio do Campo das Princesas.
Burle Marx, filho de mãe pernambucana e pai alemão, cursou paisagismo em Berlim, antes da aventura hitlerista.
Depois de formado, nos anos 30, foi convidado pelo governador pernambucano da época, Carlos de Lima Cavalcanti, para atuar na área de praças e parques.
Bem realizou sua obra por aqui, começou a ser perseguido sob a alegação que era comunista - como de fato era -.
Em 1937, em plena histeria do Estado Novo varguista, Burle Marx perdeu o emprego no Recife por intrigas do chefe de polícia e de um jornalista e foi para o Rio de Janeiro, onde construiu uma brilhante carreira.
Nos anos 50, ele foi convidado por Juscelino Kubistchek para, juntamente com Oscar Niemeyer, construir o complexo da Pampulha, em Belo Horizonte.
Juscelino, prefeito de BH, contratou Niemeyer para as obras de arquitetura e Burle Marx para o paisagismo.
No final da obra faltou verba.
Burle Marx ficou sem receber o pagamento mas Niemeyer recebeu.
O que gerou uma rusga entre os dois.
Juscelino nunca pagou a dívida com o paisagista.
Era uma dupla que não daria certo em Brasília.
Para Niemeyer, uma árvore numa praça é uma heresia.
Tira a beleza do concreto, como disse em entrevista à imprensa. É o caso do Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, no Recife.
Já Burle Marx era um amigo do verde.
Por sua causa, a bromélia tornou-se doméstica e comum nas decorações.
Ele trouxe para o espaço urbano a flora nacional, para o dia-a-dia dos pernambucanos e brasileiros.
Que os adeptos de Burle Marx continuem espalhando o verde num mundo em que o concreto stalinista de Niemeyer prevalece.