Felipe Lima, de Economia / JC De Boa Viagem a Nova Descoberta.
Do Jordão à Cohab.
O preço do botijão de 13 quilos do gás de cozinha está mais caro na capital pernambucana.
Na maioria das revendas, o reajuste girou em torno de 18,75%, com o preço passando de R$ 32 para R$ 38, chegando a até R$ 40 em bairros como a Tamarineira (uma alta de 20%).
O curioso é que dessa vez, o motivo para o encarecimento do produto não foi o repasse de aumentos aplicados pelas distribuidoras, como em outras ocasiões.
Seguindo uma determinação do Sindicato dos Revendedores de Gás Liquefeito de Petróleo no Estado de Pernambuco (Sinregás-PE), as revendas da cidade deixaram de comercializar produtos para os chamados “atravessadores”, que, na clandestinidade, vendiam em farmácias, fiteiros, quintais de casas e até em galpões sem condições de armazenamento e os botijões saiam a preços mais baixos para o consumidor, porém sem respeito às normas de segurança da atividade.
Como esses compradores não legalizados adquiriam em grande quantidade, o fato de não tê-los como clientes afetou fortemente o caixa das empresas formais, que apelaram para o aumento nos preços para manter o equilíbrio de suas finanças.
Porém, nem mesmo o presidente do Sinregás-PE, Alberto Martins, afirma com segurança ser esse o principal motivo.
Procurado pela reportagem do Jornal do Commercio, Martins primeiro disse desconhecer o reajuste.
Em seguida, admitiu que não tinha o último acompanhamento de preços da capital em mãos.
Chegou até a acusar os tais atravessadores de terem “espalhado” a informação de que houve um aumento na cidade, para só então mencionar o baque financeiro que as revendas tiveram ao deixar de vender botijões para clandestinos. “É verdade que era uma prática que ocorria no mercado e era o que acontecia na maioria das empresas”, disse.
O fato é que as grandes distribuidoras (Copagaz, Liquigás e Minasgás) afirmaram não ter adotado aumentos nos preços.
Nas 15 revendas consultadas pela reportagem do JC, as respostas variaram entre frases como “não sei”, “a distribuidora repassa os preços e a gente tem que aumentar” ou “todas as grandes redes aumentaram”.
Entender como funciona o sistema de precificação do gás de cozinha – produto de largo uso doméstico – é uma tarefa árdua.
Tanto que nem mesmo o diretor de negócios de uma das maiores distribuidoras do País, a SHV Gas Brasil, dona da marca Minasgás, consegue.
O executivo Júlio Cardoso tentou explicar que não é possível comparar os preços cobrados nos diversos Estados da federação, pois os custos operacionais para fornecimento do GLP, principalmente os de transporte, variam bastante.
O gás de cozinha vendido no Recife, por exemplo, vem por caminhão do Complexo Industrial e Portuário de Suape, onde as grandes distribuidoras estão instaladas.