Por Giovanni Sandes, especial para o Blog de Jamildo O deputado federal Paulo Rubem (PDT) classificou como desastrosa a operação entre a Compesa e a Caixa Econômica Federal (CEF) que resultou na dívida de R$ 350 milhões que o Estado assumirá no mês que vem, conforme revelou reportagem do JC na edição desta sexta-feira.
Para o deputado, a fatura teve como origem um contrato recheado de irregularidades, por determinação do então governador e atual senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), e a decisão da gestão de Eduardo Campos em assumir a dívida milionária teria sido uma saída “constitucional”.
Em 1999, o Estado adiantou R$ 138 milhões com a Caixa para investir na Compesa, como preparação para a privatização da estatal.
A garantia eram 30% em ações da companhia de saneamento.
A venda não saiu, o banco passou a cobrar a fatura e a briga foi para a Justiça.
Os R$ 350 milhões são o valor atualizado. “Depois de assinado, o contrato foi alterado três vezes.
Foi uma operação desastrada, que causou restrição de financiamentos da Caixa a Pernambuco por quase dez anos”, afirmou.
Quando era deputado estadual, Paulo Rubem denunciou várias vezes o que entende como ilegalidades de toda a negociação. “No final do governo, Jarbas mandou um projeto para a Assembleia Legislativa para autorizar a operação, com efeitos retroativos a 1999.
Ele comentou, inclusive, que o hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e então presidente da Assembleia, Romário Dias, ficava “de olho todo dia”, para saber quais seriam as novas denúncias, que envolveram também as contratações feitas pela Compesa com o dinheiro da Caixa. “Ele chegou a insinuar que eu estaria a serviço de alguma empresa (interessada nos contratos da Compesa”, emendou o deputado.
Paulo Rubem ainda narra uma passagem em que o contrato foi apreciado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, que deveria apreciar a operação. “O Senado devolveu o processo ao Banco Central.
Naquele dia, eu fui a convite da senadora Heloísa Helena.
Quem estava lá também era o vice-governador Mendonça Filho.
Houve até uma situação, quando Heloísa Helena sugeriu que fôssemos ouvidos.
Mas aí houve uma agitação e soubemos das Torres Gêmeas.
A data era 11 de setembro de 2001”, recorda.
Depois de enumerar outras passagens e fortes críticas, Paulo Rubem concluiu que o prejuízo ficou mesmo para o povo de Pernambuco, que vai pagar a conta e ainda passou um longo período com o Estado sem crédito do banco. “Ficou o prejuízo monetário, financeiro e sanitário.
O que restou foi a ilegalidade transformada em legalidade. É tanta história que dá para fazer um documentário.”