O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado federal Armando Monteiro (PTB), voltou a defender nesta sexta-feira (07) a licença do presidente do Senado, José Sarney.
Armando, que lançou nota da CNI esta semana, convocando o Senado a retomar a pauta de votações, disse que matérias importantes estão paradas por conta da crise, a exemplo da nova lei de licitações. “Não podemos ficar apenas com a pauta da crise”, alertou.
Para o parlamentar pernambucano, Sarney deve licenciar-se para que não haja riscos de interferência na apuração das denúncias.
Abaixo, a íntegra da entrevista.
Edvaldo Morais (Rádio Olinda) – O Brasil tem pressa, o Senado não pode parar. É o tema da nota divulgada pela Confederação Nacional da Indústria com relação à crise que estamos passando no Senado Federal.
E eu estou com o presidente da CNI, presidente do PTB e deputado federal Armando Monteiro.
Armando, porque a CNI está dando essa nota que “O Brasil tem pressa e o Senado não pode parar”?
Armando Monteiro – Meu caro Edvaldo, essa nota se coloca no contexto de que o Brasil está assistindo a essa crise do Senado, que se arrasta já há vários meses e cujo desfecho nós não prevemos.
Mas o importante é que, independentemente do desfecho da crise, ou seja, do que aconteça, se o presidente Sarney fica, se sai, o importante é que tem que haver um compromisso com o País no sentido de que o Senado não pare.
Que o Senado possa retomar uma agenda, uma pauta, votando matérias muito importantes que estão lá na agenda do Senado. É isso o que o país espera.
O país precisa.
Nós estamos saindo de uma crise econômica e há matérias muito importantes que estão lá na pauta do Senado, que por enquanto não avançam, exatamente por conta da paralisia que esta crise está impondo aos trabalhos do Senado.
Então essa manifestação se situa exatamente nessa linha.
De que há uma crise, de que essa crise vai ser resolvida pelos senadores, assim esperamos.
Não nos cabe dizer agora o que os senadores devem fazer, mas cabe à sociedade brasileira cobrar do Senado que ele cumpra verdadeiramente o seu papel.
E qual é o papel? É votar as matérias importantes para o país que estão nesse momento pendentes de deliberação.
Edvaldo Morais – Nós temos como matérias importantes a reestruturação do sistema de defesa da concorrência, o novo papel das agências reguladoras, a própria reforma tributária.
Está tudo parado não é, Armando?
Armando Monteiro – Tudo parado.
Temos ainda a nova lei de licitações, temos ainda o cadastro positivo, que vai ajudar a reduzir a taxa de juros, porque você passa a dar informações sobre as pessoas que operam no sistema financeiro, informações do histórico daquela pessoa, e isso termina contribuindo para sereduzir os juros para todos aqueles que recorrem ao crédito no Brasil.
Então são matérias muito importantes, que aguardam a decisão nesse momento dos senadores, e nós não podemos ficarapenas com essa pauta da crise: Conselho de Ética, discussões no plenário, como assistimos ontem, lamentavelmente, agressões, xingamentos.
E nesse momento o que é que o Brasil quer?
O Brasil espera que o Senado cumpra o seu papel, que vote as matérias importantes para o país, independentemente do desfecho da crise.
Edvaldo Morais – O deputado federal Armando Monteiro é favorável ou contra a saída de Sarney?
Armando Monteiro – Eu entendo, e já me manifestei nesse sentido, pela licença do presidente Sarney.
Não a renúncia, porque a renúncia implicaria já em um julgamento definitivo, mas a licença, para que os senadores pudessem, através dos órgãos próprios, apurar as denúncias, concluir o processo de investigação, sem qualquer risco de interferência do presidente da Casa, que de alguma maneira tutela, comanda a própria Casa.
Eu acho que isso seria algo desejável, para não criar constrangimentos, embaraços.
Eu defendo então que o senador José Sarney tivesse que se licenciar, para ajudar esse processo de investigação e a conclusão dos trabalhos, de apuração das denúncias.
Apuradas as denúncias, concluído oprocesso de investigação, ele poderia voltar à presidência, evidentemente se não houvessem fatos que pudessem apontar para a responsabilidade do senador.