Primeiro foi o avô, depois o pai.
De geração em geração, a família Couto de Araújo vem fazendo história nas Corporações Militares de Pernambuco.
O hoje tenente da Polícia Militar, Ricardo Phillipe Couto de Araújo não fugiu a regra e foi mais além.
Ainda neste mês de agosto, ele viaja para o Haiti numa missão de paz.
Ele é um dos quatro oficiais policiais militares brasileiros selecionados para integrar a Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti ou MINUSTAH.
A Minustah é uma missão de paz criada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em 30 de abril de 2004 para restaurar a ordem no Haiti, após um período de insurgência e a deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide.
Os objetivos da missão são principalmente estabilizar o país, pacificar e desarmar grupos guerrilheiros e rebeldes; promover eleições livres e informadas e formar o desenvolvimento institucional e econômico do Haiti.
A missão está no país desde junho de 2004, e a ONU renovou seu mandato por 1 ano em outubro de 2007.
O Brasil participa com aproximadamente 1.200 militares, sendo a maioria das Forças Armadas, especialmente do Exército.
Poucos foram os policiais militares aprovados e selecionados para integrarem a Minustah.
Mais que a formação militar necessária para enfrentar uma guerra, é necessário estar consciente de que abordagem puramente militar não é suficiente para assegurar um ambiente de paz sustentável, estabilização na área de segurança, reconstrução das instituições políticas e desenvolvimento econômico e social.
Militar por vocação e com amor incondicional a farda, o Tenente Ricardo acredita que levar a paz ao mundo é mais que uma árdua missão, é um sentido de vida, um legado que ele pretende deixar para o filho.
Decidiu, então, lutar por uma vaga, participando do 1º Curso Preparatório para Missões de Paz da ONU – Rio de Janeiro em abril deste ano.
Apenas quatro policiais militares foram aprovados: um tenente – coronel do Distrito Federal, um Major do Maranhão e dois pernambucanos.
O capitão já se encontra no Timor Leste.
Ser um dos quatro selecionados não foi fácil.
O maior desafio foi aprender Inglês, o que ele fez sozinho já que não tinha dinheiro para fazer um curso de idiomas pois precisava concluir a Faculdade de Direito, um antigo sonho.
Outro desafio, foi convencer a família, a qual se divide entre o orgulho e o medo da guerra.
Afinal, será um ano enfrentando uma Guerra Civil.
Apesar dos riscos, Ricardo garante que não se conteve de alegria quando foi publicada a Designação Oficial para a composição das Forças de Paz Brasileiras no Haiti em agosto/2009.
Segundo ele, a causa é nobre. “Só peço a Deus que eu volte para contar a minha história.
Um dia vou poder dizer a meu filho – Ta vendo?!
Seu pai tava lá e fez alguma coisa para tentar amenizar o sofrimento deles”, conta ele, emocionado, se referindo ao filho de apenas sete anos.
Atualmente o Tenente Ricardo é chefe da 3º Secção - Operações, Instrução e Planejamento da 1º CIPOMA (Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente), em Igarassu.
Para Ricardo mesmo que ele vá para o meio de uma guerra, mesmo sabendo do risco que corre de não volta ele está honrado em participar de tão nobre grupo. “É algo que tenho certeza que trará orgulho e servirá de exemplo para muitos companheiros de nossa corporação e poderá de alguma forma inspirar as pessoas a olharem um pouco para a humanidade e tentarem de certa forma,mesmo que pequena, fazer a sua parte”, conclui.