O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro, defendeu hoje a manutenção dos incentivos fiscais para estimular o consumo no país.

Para ele, é importante, por exemplo, que o IPI continue reduzido até, pelo menos, o final do ano.

Armando Monteiro falou sobre isso durante entrevista nesta quinta-feira (6) a Geraldo Freire, na Rádio Jornal, cuja íntegra segue abaixo: Geraldo Freire – Dr.

Armando, essas informações dizendo que tivemos o último período ruim para as indústrias, isso é confirmado?

Armando Monteiro – É Geraldo, nós tivemos um período realmente que foi marcado por uma queda muito acentuada na produção industrial como reflexo dessa crise que se abateu sobre o país, mas o importante é que nós já percebemos um movimento de recuperação, mês a mês, da atividade industrial. É ainda um movimento pouco expressivo, mas de qualquer maneira é uma tendência que vem se confirmando.

Então, o Brasil está realmente saindo da crise e esperamos, inclusive, que esse segundo semestre já seja marcado por um período de maior crescimento econômico.

Geraldo Freire – O senhor acha que por isso o governo pode se sentir estimulado para dar mais uma folgazinha nessa questão do IPI ou ele já fez o que podia fazer e não dá mais para pedir nada a ele?

Armando Monteiro – Eu acho que pelo menos manter esses incentivos que foram dados e que vêm dando resultado.

As reduções dos impostos para aquisição de veículos, dos eletrodomésticos da chamada linha branca, fogão, geladeira, e de materiais de construção.

Eu acho que essas desonerações devem ser mantidas.

Agora, a ampliação dessa redução de impostos fica limitada hoje porque sabe-se que a arrecadação do governo caiu nesse período e as despesas estão subindo muito com funcionalismo, com o problema do déficit da previdência, isso inclusive é um fator de preocupação, quando a receita cai e as despesas crescem, isso pode produzir um desequilíbrio mais à frente.

De forma que esse é um ponto de preocupação, mas as desonerações e as reduções de impostos que já foram feitas devem ser, ao meu ver, mantidas pelo menos durante esse ano para que essa recuperação da economia e da atividade industrial se sustente ao longo do ano e que aí sim, a partir de 2010, a gente volte a crescer em ritmo normal.

Geraldo Freire - E a redução da jornada de trabalho ainda está na agenda ou saiu?

Armando Monteiro – Está na agenda e há uma pressão muito grande de alguns setores para que essa matéria seja apreciada pelo plenário da Câmara para deliberação.

Nós achamos que essa medida vem na contramão das medidas d e enfrentamento da crise, ou seja, numa hora em que a economia não está crescendo, impor às empresas um aumento de custo de produção.

Você vai reduzir a jornada mantendo os salários.

Significa dizer que o salário/hora vai ficar maior.

E aí a pequena empresa, a panificadora, a empresa de confecção, como é que numa hora dessas, que há dificuldade de crédito, dificuldade de toda a ordem, esse pequeno empresário ainda vai ser obrigado a suportar o aumento de custo com a mão-de-obra, Geraldo?

Então eu acho que essa medida não é oportuna e ela não deve vir por força da lei como querem, ou seja, uma medida de caráter geral que nivela a pequena empresa à grande, que nivela o pequeno empresário do Nordeste ao empresário do Sul.

No mundo, essa redução de jornada vem através de um processo de negociação e não por uma medida impositiva, ou seja, de caráter legal.

Portanto, eu acho que é uma discussão, uma matéria que não deveria estar na pauta de prioridades esse ano.

Ela deveria ser apreciada, num outro momento.