Da Agência Estado O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), lançará mão de recursos tecnológicos no discurso que promete fazer nesta quarta-feira, 5, no plenário.

De acordo com interlocutores de Sarney, será um discurso longo, no qual o presidente apresentará sua defesa sobre cada uma das acusações que pesam contra ele.

Para o discurso, foi preparada uma apresentação utilizando o programa de computador conhecido por PowerPoint.

Com essa ferramenta, Sarney pretende exibir documentos como, por exemplo, o que trata da Fundação Sarney.

O presidente do Senado quer mostrar aos senadores que a gestão da entidade não é de sua responsabilidade.

Uma das representações no Conselho de Ética tem como base o desvio de, pelo menos, R$ 500 mil do patrocínio de R$ 1,3 milhão da Petrobrás para empresas fantasmas e da família Sarney, segundo revelou reportagem do jornal O Estado de S.

Paulo.

Outro documento deverá ser sobre a venda da fazenda São José de Pericumã, na qual há a suspeita de irregularidades no pagamento de impostos.

Quando Sarney iniciar o seu discurso, o Conselho de Ética já deverá ter se reunido para analisar as primeiras ações contra ele.

O presidente do Senado tem uma situação confortável no colegiado.

Dos 15 integrantes, dez são considerados votos fiéis a ele.

O PT, que tem uma bancada dividida no apoio a Sarney, escalou integrantes que ficarão com o presidente da Casa.

A posição do PT ontem foi fundamental para a permanência de Sarney no cargo.

O partido não aceitou a proposta do DEM, do PSDB, do PDT e do PSB para formalizar um pedido de renúncia de Sarney do cargo, mantendo a posição favorável ao afastamento temporário do peemedebista.

Isso fortaleceu Sarney.

Caso o PT concordasse em avançar no pedido de renúncia, os demais partidos fariam o mesmo, tornando inviável o comando de Sarney.

Os cinco partidos reuniriam a maioria dos 81 senadores.

Seriam 46 votos (14 do DEM, 13 do PSDB, 12 do PT, cinco do PDT e dois do PSB).

Mesmo com as dissidências dos senadores francamente favoráveis a Sarney, a situação do presidente do Senado ficaria mais frágil.

No fim do dia, nem mesmo uma nota conjunta dos partidos pedindo o afastamento de Sarney, e não a renúncia, foi assinada como chegaram a anunciar os críticos de Sarney.

O próprio presidente do Senado avisou a seus interlocutores que está disposto a brigar pela cadeira e que, daqui para frente, adotará a prática do bateu-levou, sinalizando que não ficará mais passivo diante das críticas.