Na noite passada, ministro reuniu os líderes governistas No Blog de Josías Na semana passada, em entrevista concedida em São Paulo, Lula dera a impressão de que desistira de socorrer o presidente do Senado.

Instado a comentar a crise, Lula dissera: “Não é problema meu.

Não votei no Sarney para ser presidente do Senado nem votei para ele ser senador no Maranhão”.

O desembarque era encenação.

Nesta segunda (3), reunido com os ministros que integram a coordenação de governo, Lula reiterou o apoio a Sarney.

Disse que a renúncia do morubixaba do PMDB não interessa ao governo.

Fez mais: mandou de volta ao front do Senado o ministro José Múcio (Coordenação política).

Na noite passada, Múcio reuniu-se com a fina flor do governismo.

Participaram da conversa lideranças do PMDB, do PTB e do PT. À frente, Romero Jucá (PMDB-RR), líder de Lula no Senado, e Ideli Salvatti (PT-SC), líder do governo no Congresso, e Ricardo Berzoini (SP), presidente do PT.

Na tarde desta terça (4), Múcio deve participar de um encontro da bancada de senadores do PT.

Junto com Berzoini, o ministro tentará conter os ânimos do petismo.

Será a quinta vez que o PT se reúne para discutir a crise que engolfa a presidência de Sarney.

Antes do recesso, o partido emitira nota defendendo a licença de Sarney.

Ao ler o texto no plenário, o líder Aloizio Mercadante (SP) recordara o obvio.

Dissera que a licença dependia da vontade de Sarney.

A observação soara como uma evidência de que o PT não assumiria a linha de frente do movimento “fora Sarney”.

Em pleno recesso, servindo-se de um noticiário que jogou lenha na fogueira em que arde Sarney, Mercadante divulgara nova nota.

No texto, o líder petista tachara de “grave” a divulgação de grampos da PF que envolveram Sarney na contratação secreta do namorado de uma neta no Senado. “[…] Há indícios concretos da associação do peemedebista com atos secretos”, escreveu Mercadante.

Pediu rigor ao Conselho de Ética.

Mas não falou em renúncia.

Múcio correu à boca do palco.

Disse que a nota de Mercadante não expressava senão a opinião de “um ou dois senadores” do PT.

Depois de morder em público, Múcio assoprou em privado.

Telefonou para os senadores do PT, inclusive Mercadante, para dizer que não disse o que dissera.

A pelo menos dois petistas, Múcio informara que o governo via a renúncia de Sarney como favas contadas.

Disse mais: o Planalto já pensava no “day after”.

Lorota.

Afora a pressão explícita Múcio e de Berzoini, os senadores do PT são assediados nos subterrâneos pelo ex-chefão da Casa Civil José Dirceu.

Nesta terça (4), sem alarde, Dirceu desembarca em Brasília.

Chega com o propósito de angariar votos pró-Sarney na bancada do PT.

Dirceu agrega ao lero-lero da “governabilidade” um argumento eleitoral: o êxito da candidatura presidencial de Dilma Rousseff depende da aliança com o PMDB.

Dos 11 senadores do PT sete torcem o nariz para Sarney.

As exceções são Ideli, Delcídio Amaral (MS), Serys Slhessarenko (MS) e João Pedro (AM).

Em discursos no plenário, Flávio Arns (PR) e Eduardo Suplicy (SP) lembraram que a nota de Mercadante expressou a posição da bancada.

Verdade.

O diabo é que, no governo, o petismo já não combate os malfeitos com a ênfase do passado.

A despeito da posição da maioria, a oposição a Sarney é dicotômica.

O PT parece desejar a saída dele.

Mas não empurra.