SOBRE A CRISE DO SENADO Por Maurício Rands Desde o início desta ‘Crise do Senado’, firmei minha opinião de que Sarney perdera as condições para continuar a dirigir o Senado.
Penso que ele, como presidente, é o principal responsável pelos desmandos, embora não o único.
Acho que toda a mesa tem que sair, com a realização de novas eleições para que uma nova mesa faça uma profunda reforma na instituição e conduza com isenção as apurações de responsabilidade.
O Presidente da Casa é o principal responsável e existem fortes indícios de sua participação em atos secretos e outros favorecimentos, inclusive a familiares.
A posição do Presidente Lula neste episódio deve-se a uma avaliação que ele faz sobre a correlação de forças no Senado.
Como a bancada do PT tem apenas 11 senadores, ele avalia que, sem o PMDB, o governo perderá as condições mínimas de governabilidade neste ano e meio que restam do mandato.
Além do mais, creio que o Presidente Lula posicionou-se em função de algum sentimento de gratidão a Sarney por ele ter ajudado a construir uma maioria no Senado sem a qual talvez o Governo Lula não se tivesse viabilizado.
Penso, todavia, que ele poderia ter feito ver a Sarney a impossibilidade de sua continuação na Presidência do Senado e sugerido que seus articuladores na Casa trabalhassem por novas eleições para o conjunto da mesa.
Não acho que este apoio a Sarney era a única alternativa.
Até porque não é seguro que ele garanta a governabilidade que promete.
Basta ver que na semana em que ele recebeu o apoio do Presidente Lula e resolveu ficar, ele acenou para a oposição e instalou a CPI da Petrobrás, que, a meu ver, é uma irresponsabilidade para com o país.
A posição adotada pelo Presidente Lula deixou o PT muito refém do PMDB.
O problema é que o eleitorado deu esta força ao PMDB, inclusive nas eleições municipais.
Penso que parte do PMDB representa alguns dos vícios da vida política brasileira.
Patrimonialismo que confunde o público com o privado, coronelismo e outras características são resquícios do passado que pretendemos superar.
Nesta crise, portanto, penso que a posição política mais correta é a de não emprestar apoio a quem representa este passado.
E tentar contruir a governabilidade no Senado de outra forma, a partir de novas eleições para a Mesa.
A oposição ao Governo Lula não está atacando Sarney por causa dos seus defeitos, mas principalmente para tentar dar um cheque no Governo Lula.
Isto também precisa ser dito à opinião pública.
Até porque a maioria da oposição sempre apoiou Sarney, seja na Presidência da República, seja nas três vezes em que ele presidiu o Senado.
Acho que a posição dos senadores do PT, neste episódio, melhor representa o sentimento do Partido dos Trabalhadores e de sua base de apoio na opinião pública.
Saudações democráticas