De Política / JC O prefeito do Recife, João da Costa, é favorável a um posicionamento radical na crise do Senado: a extinção do Poder.

Defensor do afastamento de Sarney, através de uma licença, o político entende que a problemática em torno da Câmara Alta é histórica. “Se os senadores apurarem quem nunca pediu emprego para parentes, pode ser que não sobre ninguém”, disse ele, acrescentando ser favorável à realização de uma nova Constituinte. “Deveríamos discutir essa mudança”, sugeriu.

O prefeito argumenta que o Senado foi criado para “discutir as grandes questões do Estado e não para funcionar como uma segunda Câmara.” Sobre a situação do maranhense Sarney, criticado por significativa parte da bancada petista no Senado, Costa lembra que o “comportamento dele não é nenhuma novidade” e julga que é preciso “separar as coisas”.

Para ele, a opinião do partido pode ser diferente do posicionamento governamental.

O prefeito se opõe, assim, à estratégia do governo federal em desautorizar (embora tenha procurado negar ontem) senadores do PT a pedir o afastamento de Sarney. “Há pouco tempo, enfrentei uma situação parecida e respeitei”, comenta, citando o episódio em que o ex-líder da legenda na Câmara do Recife, Osmar Ricardo, se opôs veementemente às negociações da PCR com os servidores.

João da Costa não é voz isolada no PT em defesa da extinção do Senado.

O presidente estadual da legenda, Jorge Perez, e a deputada estadual Teresa Leitão entendem que a Câmara Alta tem atribuições que se chocam com a da Câmara dos Deputados.

Esta última, por sua vez, melhor representa o povo brasileiro em função da equação número de parlamentares versus população nos Estados. “O Senado é um instrumento hoje que mais atrapalha do que ajuda a democracia”, considera Jorge Perez.

Mas ele acha que Sarney só deveria ser afastado após a apuração dos fatos. “O que está acontecendo é uma prática que ficou comum: um linchamento político antes de se apurar”.

Teresa Leitão acredita na extinção do Senado dentro de um amplo processo de reforma política.

A deputada defende o licenciamento de Sarney para dar agilidade e tranquilidade à apuração dos fatos. “Mas esse momento não se esgota em Sarney”.