Nada republicano (nota no blog de Chico Bruno, amigo de Ricardo Carvalho) “Julho de l977.

O então ministro da Justiça, Armando Falcão, despacha processo de expulsão do padre Romano Zufferey, assistente da Ação Católica Operária (ACO), órgão da Arquidiocese de Olinda e Recife.

A imprensa correu para a Rua Gervásio Pires, onde ficava a sede da ACO.

Ali estavam, entre outros, os jornalistas Ernesto Neves (Diário), Divane Carvalho (Jornal do Brasil), Paulo Cunha (Estadão) e Antÿnio Arrais (O Globo).

Todos à procura do padre Romano.

Eis que chega o repórter da Veja (sucursal Recife) Ricardo Noblat, com a notícia de que o fotógrafo Roberto Arrais estava naquele momento prestando depoimento na Polícia Federal.

Dada essa informação, Noblat desapareceu.

Antÿnio Arrais ficou preocupado com o destino de seu irmão e todos deixaram a sede da ACO.

Mais experiente, Divane disse que seria melhor se dividirem, ela iria para a Arquidiocese, na Rua do Giriquiti, onde possivelmente padre Romano estaria com Dom Helder Camara.

Dito e feito.

Lá chegando, ela e Paulo Cunha depararam-se com Noblat entrevistando o padre Romano.

A notícia da presença de Roberto Arrais, na Polícia Federal, era apenas um pretexto para entrevistar sozinho o padre Romano.

No início da noite daquele dia, Noblat dirigiu-se à sucursal do Estadão.

E foi por mim barrado: “Você aqui não entra”.

E ele: “Entro porque sou amigo de Garcia”. “Você não entra porque Garcia está de férias e quem manda aqui sou eu”.

E ele foi embora.

Na véspera da sua transferência do Recife para Salvador, eu tive a oportunidade de lhe dizer algumas coisas.

Falei que ele era um repórter brilhante; que sabia ler e escrever, e que portanto não precisava usar de tais expedientes para conseguir uma entrevista ou fazer uma reportagem.

Somente voltar ia a falar com Noblat num dia trágico para nós dois.

O da morte do amigo-irmão e grande jornalista Marco Aurélio Borba.” Essa e outras histórias deliciosas estão no livro “É tudo verdade.

Memórias de um repórter”, do jornalista pernambucano Ricardo Carvalho, que será lançado segunda-feira (27) às 19:00, na Ana Góes Recepções, no bairro do Recife Antigo.

Memórias, ações e polêmicas do bastidor político