(Foto: Alexandre Severo / JC Imagem) O deputado federal Raul Jungmann, do PPS, reagiu à notícia do aviãozinho da alegria que foi a Paris.

Um braço do Ministério da Defesa francês, o Instituto de Altos Estudos de Defesa Nacional (IHEDN), admitiu ter convidado, em parceria com fabricantes de material bélico franceses, um grupo de oito deputados federais brasileiros, para fazer “promoção dos equipamentos militares” do país.

A empresa francesa de tecnologia aeronáutica Dassault financiou a viagem dos parlamentares brasileiros à França.

O país tenta vender ao Brasil 36 caças Rafale, fabricados pela empresa francesa.

Veja a resposta do deputado, em carta ao francês.

Recife, 24 de julho de 2009.

Senhor Olivier Darrason, Ficamos sabendo pela imprensa, em declaração que lhe é atribuída, que o grupo privado Dassault, do setor aeronáutico francês, custeou a ida de uma recente missão parlamentar brasileira à França, da qual fizemos parte.

Tal informação nos causou profundo desconforto, além de desgaste público, pelos motivos que exponho a seguir: a.o convite nos foi feito pelo Instituto de Altos Estudos de Defesa Nacional, que o senhor preside, e é parte da estrutura do gabinete do sr.

Primeiro Ministro da França.

Logo, um convite público, de Estado, custeado com recursos públicos, assim entendemos todos.

Pelo mesmo motivo e pelo conceito e prestígio que desfruta a França entre nós, muito nos sentimos honrados e distinguidos; b.ao representante do Instituto da Universidade Cândido Mendes, intermediário no Brasil do convite formulado em seu nome , indagamos, explicitamente, se o patrocínio da viagem era público ou privado e recebemos como resposta que os custos seriam totalmente arcados pelo governo francês; c.ainda que inexistindo qualquer conflito de interesse com relação à negociação de um amplo contrato de transferência de tecnologia, equipamentos e aeronaves, uma vez que as decisões a serem tomadas não competiam à Câmara dos Deputados e sim, exclusivamente ao Poder Executivo, jamais aceitaríamos, tanto individual quanto coletivamente, o patrocínio privado das nossas despesas, informação que, repetimos, nos foi sonegada.

Portanto, não pode ser outra nossa reação senão tornar público o desrespeito de que fomos objeto, agravado pelo fato de envolver o atual Presidente e um ex-presidente da nossa Casa, líderes e vice líderes das maiores bancadas com representação no Congresso Nacional - PT, DEM e PSDB.

Quando do fim do recesso parlamentar e reinício dos trabalhos legislativos, daremos conhecimento do inteiro teor dessa carta ao plenário da Câmara de Deputados e levaremos o assunto ao conhecimento da nossa Procuradoria parlamentar.

Atenciosamente, Raul Jungmann Deputado Federal/PPS