Deu no Estadão As eleições são somente no ano que vem, mas o debate já está nas ruas.

Em entrevista ao Estado, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, deu o tom do discurso do governo na campanha eleitoral. “A Dilminha vai continuar a política de Lula”, afirmou o ministro, referindo-se à virtual candidata governista, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Bernardo integra um grupo próximo a ela, chamado “os meigos de Dilma”.

Profundo conhecedor do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), é cotado para substituir a ministra, caso ela deixe o governo para concorrer.

Para ele, a oposição está sem discurso e as recorrentes críticas à gastança do governo, na visão do ministro, não surtem efeito algum. “O Lulinha, aonde vai, dizem que ele está certo.

Aqui dentro e lá fora.” Sobre o provável candidato da oposição, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), o ministro diz que ele “joga para a galera” quando critica a política de juros e câmbio.

O presidente Lula vai deixar uma herança maldita ao sucessor?

Acho que a herança que vamos deixar para o próximo governo é uma economia crescendo, com inflação controlada, com investimentos, tanto internos como externos, crescendo muito.

Podemos pensar que vai ter uma disparada do investimento nos próximos meses.

E os reajustes dos servidores, que terão impacto em 2011 e 2012?

O impacto mais forte é em 2010.

E são gastos permanentes.

Quando fomos lançar o PAC, esbarramos no seguinte problema: não tinha projeto.

Não só o governo federal, como os Estados e municípios.

Não tinha gente para fazer.

O que fizemos foi recompor a capacidade de gestão do Estado.

Todas essas mudanças não aumentaram a folha de pagamento como proporção do PIB (Produto Interno Bruto).

Estamos dando uma condição melhor para o servidor, mas não estamos fazendo maluquice.

Por que essa avaliação não convence economistas e entidades como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que criticou a política fiscal?

Acho que as pessoas estão tentando medir a realidade hoje com a mesma régua que eles mediam antes da crise.

O foco das políticas tem de ser outro.

Estamos investindo em educação, assistência social, geração de empregos.

Se não estivéssemos fazendo isso, o desemprego teria aumentado muito mais e teríamos um gasto muito maior com seguro-desemprego, talvez com cesta básica. É a última coisa que gostaríamos de fazer: acudir depois de acontecido o problema.

Estamos falando em uma estrutura de gastos que cresce por si só, na bonança ou na crise, porque tem várias despesas indexadas.

Isso não é ruim?

Então vamos falar da rigidez orçamentária.

Isso não foi inventado por nós.

Mas está sendo agravado, por exemplo, com a ideia de criar um critério de reajuste do Bolsa-Família.

Não é mais uma armadilha?

Não estamos agravando, não.

O reajuste do Bolsa-Família não vai fazer vinculação com nada, vai dar só um reajuste.

Não terá uma regra permanente?

Não.

Acho que deveria ter, mas não está decidido.

O que o presidente está dizendo é o seguinte: se os servidores têm reajuste, o salário mínimo tem reajuste, por que o Bolsa-Família não tem assegurado algum tipo de reajuste?

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