Por Leonardo Spinelli, de Economia / JC Um sonho que durou apenas três dias, em outubro do ano passado.
Lojas repletas de clientes ávidos por adquirir um chip da Vivo, maior operadora do Brasil, que acabara de chegar ao Estado.
A realidade passou a mudar quando a empresa resolveu cancelar a promoção que tanto atraía a clientela: ligações de graça para outro Vivo durante um ano.
Depois disso, os clientes passaram a minguar e o investidor de loja, que acreditou na propagada rentabilidade de até 10% ao mês e retorno do investimento em poucos meses passou a contabilizar apenas prejuízos.
Um dos que cerraram as portas depois de não aguentar aplicar dinheiro foi o empresário Marcos Leão.
Na quarta-feira passada fechou seus últimos três quiosques da marca nos shoppings do Recife, depois de amargar perdas de R$ 2,5 milhões.
Outros já fizeram o mesmo e novos investidores prometem também fechar seus pontos de venda nos próximos dias. “Eu cheguei a montar 8 pontos da Vivo.
A primeira loja que eu fechei foi a de Caruaru, em fevereiro.
Agora estão todas fechadas, com 76 funcionários demitidos.
Foi um erro ter acreditado na Vivo”, lamenta Leão, que além dos pontos em Pernambuco, tinha um ponto em João Pessoa, dois em Natal e mais uma loja voltada para o mercado corporativo em Maceió.
Ele revela que trabalha com celular desde 1998, na Credimóveis. “Me lembro da BCP, quando chegou, eram filas nas lojas.
Quando mudou para a Claro, vendeu ainda mais.
Chegou a Oi e outro sucesso.
Achava que com a chegada da maior de todas, a rentabilidade seria maior ainda.
Acreditei que ela viria com força, mas a Vivo não deu atenção ao mercado do Nordeste”, critica o empresário, citando os números de penetração da Vivo, que na região não passa de 3% de mercado.
Nelson Marques foi outro que encerrou as atividades de seu negócio.
Sua revenda Vivo funcionava na Conselheiro Aguiar, em Boa Viagem. “Desde janeiro comecei a ver que o movimento não correspondia ao que eles prometeram.
Perdia uma média de R$ 8 mil por mês.
Aguentei até maio.
Demiti seis funcionários.
Apliquei em estoque e ponto cerca de R$ 100 mil.
Eles apresentaram planilha mostrando que o retorno seria realizado em 90 dias.
Eu achei maravilho, pois esperava o retorno em um ano.
Faltou promoção, faltou aparelho, as concorrentes tinham melhores ofertas.
Falei com a empresa e a conversa era sempre a mesma, de melhora, que viria promoção nova.
Nada.
Percebi que eles estavam me cozinhando”, criticou.
Outra revenda no Derby foi fechada na segunda-feira passada. “Meu prejuízo foi de, pelo menos, R$ 50 mil.
Não conseguia vender nada”, declarou o empresário João Marcos Cordeiro, que além de fechar as portas demitiu seus dois funcionários.