Por Sérgio Montenegro Filho, de Política / JC Uma das principais obras do governo Eduardo Campos no Estado, a Academia das Cidades é alvo de polêmica em Serrita, município do Sertão Central.
Filiado ao PMDB – partido de oposição ao governador –, o prefeito Carlos Cecílio foi denunciado pelo presidente do PT local, José Valter de Lavor, por ter modificado o padrão da obra recém-inaugurada na cidade.
De acordo com a carta enviada ao secretário das Cidades, Humberto Costa (PT), em junho passado pelo correligionário de Serrita, o prefeito teria repintado os equipamentos da Academia – entregue em tons de verde, seguindo o modelo do projeto no Estado – em azul, cor utilizada na sua campanha eleitoral do ano passado.
Técnicos da Secretaria das Cidades estiveram em Serrita na semana passada e confirmaram a denúncia do presidente do PT. “Já enviamos uma recomendação ao prefeito para que repinte a academia na cor original”, informou Humberto.
Havia a preocupação na secretaria de que Carlos Cecílio cumprisse a determinação até amanhã, quando acontece na cidade a tradicional Missa do Vaqueiro.
Embora não esteja confirmado, o governador estaria planejando participar do evento, e ao chegar, poderia encontrar a Academia das Cidades em discordância com o projeto original.
Os adversários do prefeito afirmaram que ele já é alvo de ação em tramitação no Tribunal de Contas do Estado exatamente por pintar outros prédios públicos com as suas cores de campanha. “Esse prefeito é um usurpador de parcerias e contumaz desrespeitador de leis”, acusou José Valter, na carta enviada a Humberto Costa.
O presidente do PT local lembrou, ainda, que o prefeito só permanece no cargo graças a uma liminar concedida pela Justiça Eleitoral.
Ele teve o mandato cassado em março, pela juíza da 2ª Vara de Salgueiro, Ana Cecília Toscano Pinto, pela acusação de compra de votos na eleição de 2008.
Ele também foi condenado a pagar multa no valor aproximado de R$ 53 mil.
Carlos Cecílio – que já governou Serrita por dois mandatos anteriores (1997-2000/2001-2004) – recorreu ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE) e obteve uma liminar, concedida seis dias depois da condenação, pela desembargadora Margarida Cantarelli, que o manteve no cargo.
O Ministério Público Eleitoral contra-atacou, em abril, com um agravo regimental, que foi indeferido.
No dia 1º deste mês, a Procuradoria Regional Eleitoral emitiu parecer reiterando a cassação de Cecílio e a realização de nova eleição em Serrita.
O parecer está com o desembargador eleitoral Francisco Cavalcanti e deverá entrar em pauta nos próximos dias.
Os adversários do prefeito também argumentaram que ele esteve envolvido em investigações da Polícia Federal, na operação Júlio César, realizada pela PF em 2005, que apontou Cecílio como suposto líder de uma quadrilha especializada em superfaturar obras em municípios do interior de Pernambuco, com pagamento de propina a agentes públicos.
As investigações indicaram que na campanha de 2008, o grupo político do prefeito teria comprado votos em Serrita.
A reportagem tentou, ontem, entrar em contato com Carlos Cecílio, mas seu celular estava desligado e ninguém atendeu ao telefone da prefeitura.