Por Ana Lúcia Andrade, de Política / JC Acabou a novela.
O ex-deputado Joaquim Francisco vai mesmo para o PSB de Eduardo Campos.
Diz que sai do DEM, pela 2ª vez, num “processo conversado” e assegura que não está em busca de um mandato.
O ingresso no PSB, justifica, é porque vê no governador “espírito público, gestor moderno e que luta para eliminar velhas ranhuras e ressentimentos que impedem a aglutinação em favor do Estado”. “No meu currículo não está faltando mandato.
Meu currículo é sedimentado”.
AS CONVERSAS “Desde o começo, em meus contatos com o governador, nem eu falei, nem ele me falou, sobre transferência de votos de Zé Múcio (deve ser indicado pelo presidente Lula para o TCU), nem de quem quer que seja.
O PSB e o governador Eduardo Campos vêm executando um programa coerente, ousado e responsável.
Juntando-me a ele, à luz do dia, de forma transparente, será em torno de ideias e programas bem definidos.
Se disso resultar uma nova missão, os sinais de convocação virão do povo.
Tenho quatro mandatos de deputado federal, não estou saindo do PFL (DEM) para o PSB porque preciso de um mandato de todo jeito.
Estou há dois anos e meio sem mandato e contribuindo muito bem.
Se tiver que ter um novo mandato não vai ser porque Zé Múcio será ministro do TCU.
Até porque ninguém passa voto assim”.
CANDIDATURA “Tenho um acervo de votos, um nome, além do mais, esse é um fato: 80% da minha votação foram na Região Metropolitana do Recife.
Tive 75 mil votos, dos quais 65 mil foram na região metropolitana.
Nunca fui um político de estrutura.
Sempre fui um político de opinião pública.
Não é isso que está me envolvendo.
Não se acrescenta um currículo ter três, quatro, cinco mandatos.
O mandato poderá vir a ser um instrumento em que eu possa, mediante entendimento, no ingresso ao PSB, com as pessoas do PSB, fazer esse roteiro.
Quanto à essa questão: ‘Mas Joaquim sempre foi do PFL (DEM) e vai passar para o PSB que é um outro campo?’.
Eu sei que é um outro campo, mas não há grandes diferenças.
Aturei Lula na primeira eleição com Jarbas Vasconcelos e quem se uniu a Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que estava exilado, foi Marco Maciel.
Então, não há nada de excepcional que possa se reduzir a uma mera aspiração eleitoral de ganho de um mandato”.
HOMEM PÚBLICO “Quando fui governador, doutor Arraes me convidou para a inauguração do hospital de Caruaru, feito por mim.
Me chamou para a inauguração da duplicação da estrada de Itamaracá, feita por mim e inaugurada por ele.
Eu o chamei para inaugurar a refinaria de milho do Brasil, em Garanhuns, feita por mim e inaugurada por ele.
Se você ler o teor dos meus discursos nos últimos 29 anos, todos são nesse sentido: reunião de ex-governadores, reunião com prefeitos…
Acho que tem um espaço novo e quero continuar nele.
Agora jamais disse, nem diria, nem está nos meus planos invadir área de ninguém, nem ficar me engalfinhando mediocremente atrás do município tal, jamais!
Se esse for o preço para ter um mandato, eu não me candidato”.
PENDÊNCIAS “Eu anuncio oficialmente (a filiação ao PSB) até o início de agosto porque preciso conversar com as pessoas.
Reclamei de que muitas das decisões do PFL (DEM), ou a grande maioria, eram tomadas por duas ou três pessoas.
Quero tomar uma decisão conversando.
Já fiz oito encontros de 20 pessoas cada um.
Fiz cinco almoços com 10 pessoas cada um.
As pessoas que me convidaram para outros partidos, como Inocêncio (Oliveira, do PR), como o PSL de Antônio Oliveira…
Também preciso dizer a eles que fiz uma opção, que ela está se concretizando por isso e por isso.
Tenho de dar satisfação a todos.
Mas nunca disse que vou ser deputado de qualquer jeito.
Pretendo ser candidato.
Mas este não é o motivo que me leva a sair.
Até porque, pergunte as pessoas que entendem se não é mais fácil se eleger (deputado) pelo DEM do que pelo PSB.
No PSB você tem um aglomerado enorme de gente.
Com 200 mil, 180 mil votos…
O coeficiente eleitoral, sem dúvida alguma, será bem maior do que o do DEM.
Não é por aí”.
NO GOVERNO? “Em nenhum momento se falou sobre isso.
Eu chego (ao PSB) com a disposição de ajudar.
Sempre quis e sempre defendi disponibilzar a experiência que tenho.
Eduardo é um rapaz jovem, está pensando uma série de alternativas novas e me sinto disponível e capacitado para prestar essa colaboração.
Não quero discutir o PFL, mas o partido tomou o seu rumo de espaço curto, é um problema da estrutura do partido.
Mas o espaço não é eleitoral, não é por isso.
Nunca fiz política desse jeito.
Na minha última eleição tive 75 mil votos no pé, fazendo o que eu sempre fiz, andando, gastando sola do sapato.
Não estou mudando de partido para mudar de estilo ou de vida.
Sempre tive minhas convicções e continuo com elas.
Tudo construído com esforço e seriedade”.
SAÍDA DO DEM “Deixo o DEM tranquilo.
Tive uma reunião com Mendonça (Filho), não tive depois, ainda.
Ele me chamou, me perguntou se eu queria ser candidato a deputado, como me chamou para ser a vereador (2008), e na ocasião lhe disse que não me sentia estimulado.
Minha cabeça não é tomada 100% por política.
Aliás, acho que sou um bom homem público mas não sou um bom político.
Não faço política pelas regras convencionais.
Crio arestas, não boto panos mornos, tombo, divido, meto a marreta quando é para bater o martelo, bato o prego quanto é para bater a agulha.
Isso não é uma boa construção no sentido da política convencional”.
DESCONFORTO? “Não vejo razões, do ponto de vista de desconforto, mudar de um partido para outro desde que essa mudança esteja estribada na busca de novas alternativas para eu desenvolver minha atividade política, não eleitoral, nem obtenção de cargos ou mandato.
Isso poderá vir.
Mas não estou em busca disso.
Tenho minha vida resolvida e meu currículo sedimentado.
Ao admitir ingressar no PSB é porque vejo em Eduardo espírito público, um gestor moderno e crente em Pernambuco e seus valores, lutando pelo desenvolvimento do Estado e procurando eliminar velhas ranhuras e ressentimentos que impedem a aglutinação da expressiva força política do Estado em benefício do povo.
No meu currículo não está faltando um mandato.
Já tive vários”.