Da Agência Brasil Ao apresentar hoje (17) balanço dos trabalhos do semestre, para um plenário praticamente vazio, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deixou claro que não renunciará ao cargo ou ao mandato por conta das denúncias de irregularidades administrativas que têm atingido, inclusive, parentes seus. “Os insultos e as ameaças não me amedrontam” afirmou o presidente do Senado.

Ele acrescentou que a sua força para continuar a promover as reformas administrativas e políticas a que se propôs quando tomou posse está “na grande paixão” às instituições e à democracia. “Dá-me força a grande paixão que tenho pelas instituições nacionais nacionais, pela vida democrática que aprendi a amar, o zelo pelo Congresso Nacional”.

Sarney recorreu a uma frase do filósofo Sêneca para definir a estratégia que adotou diante da pressão de senadores de vários partidos, inclusive do PMDB, que pedem o seu afastamento da presidência. “Sêneca dizia que grandes injustiças só podem ser combatidas com três coisas: silêncio, paciência e tempo”.

No discurso, Sarney lamentou ter sido abandonado pelo Democratas (DEM), partido que, segundo ele, tem sido parceiro há muitos anos.

Ele aproveitou para citar o trabalho feito pelo primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), que considera um companheiro leal que tem feito um bom trabalho à frente da secretaria.

José Sarney disse que sempre pautou seus trabalhos pelos princípios da ética e da legalidade. “Não sou movido por um sentimento menor, tenho consciência que agi em nome do Senado Federal”, afirmou.

O parlamentar atribuiu ao jornal O Estado de S.Paulo a responsabilidade pela “campanha pessoal” movida contra ele.

Segundo o senador, esta suposta campanha do jornal levou outros veículos de comunicação a conduzirem-se na mesma direção.

Sarney ressaltou que suas ações “não são apenas palavras” mas 50 anos de vida pública. “Essa é a minha força”, afirmou.

Ele lembrou que nas três vezes em que assumiu a presidência encontrou o Senado mergulhado em crises e conseguiu reerguê-lo e, agora, segundo ele, não será diferente. “Esta Casa deve a mim, na minha primeira gestão, a implantação de todo o sistema de comunicação.

Fizemos uma reforma administrativa”, disse.

O senador destacou que, quando assumiu o cargo em fevereiro, comprometeu-se a trabalhar em duas frentes: uma reforma administrativa profunda e outra de caráter institucional e de valorização política do Senado.

Neste sentido, o presidente reconheceu que “avaliou mal” todo o contexto e as denúncias de irregularidades administrativas acabaram por inviabilizar a reforma institucional que pretendia para a Casa.

No balanço do semestre ele fez um relato de todas as medidas adotadas, a maioria uma reação as denúncias publicadas pela mídia.

Entre elas, por exemplo, destacou a extinção dos 663 atos secretos e as demissões dos diretores Agaciel Maia (Diretoria Geral) e João Carlos Zoghbi (Recursos Humanos).

Outras medidas relatadas dizem respeito à economia promovida por sua administração com a revisão de contratos e licitações, com a restrição do uso de passagens aéreas por parlamentares, a criação do Portal da Transparência do Senado e a contratação da Fundação Getulio Vargas (FGV) para promover a reforma administrativa da Casa.

O presidente do Senado também destacou o fato de a Casa encerrar o semestre legislativo com todas as matérias votadas.