Por Edilson Silva Servidores estaduais da saúde, da educação e do Detran, em greve, marcharam neste 14 de julho pelas ruas centrais do Recife.
O dia era sugestivo: mais um aniversário da queda da Bastilha.
Não se chegou a tanto, nem perto é verdade.
Mas é inegável que se notou uma inflexão que força a delicada membrana que protege o governo Eduardo Campos com a cumplicidade dos sindicalistas que ainda hegemonizam o movimento sindical no funcionalismo estadual.
Não há propaganda institucional que faça o salário do funcionalismo espichar e emendar-se ao do mês seguinte.
Os empréstimos consignados, que funcionaram durante um bom tempo como uma espécie de “salário virtual”, já não fazem o mesmo efeito.
Sobra mês, todos os meses.
As condições de trabalho são péssimas.
A paciência se esgotou e os servidores empurram as direções sindicais para as ruas e para a greve.
Aos poucos vai se desfazendo a pose de democrata do governador, que vai cada vez mais se aproximando do estilo ardido spray de pimenta, tão caro à tropa do monólogo de cassetetes do governo anterior.
A passeata dos servidores não passou próximo do Palácio do Campo das Princesas.
Vindos da Assembléia Legislativa, os grevistas, que contavam com a presença física deste que lhes escreve, viram-se diante da bifurcação: ir à frente do Palácio ou margear o teatro de Santa Izabel em direção à Rua do Imperador?
Impedindo o trajeto à frente, na mesma formação e limite imposto pelo governo Jarbas, uma barreira policial e cavaletes impediam os manifestantes de sequer passar perto da sede do governo estadual.
O governo vai endurecendo no discurso, na truculência administrativa, cortando salários, ameaçando contratar temporários.
Aos poucos vai posicionando a tropa militar para enfrentar à força o legítimo movimento dos servidores.
Em nenhum momento o governador endurece o tom com o governo federal, que sufoca os estados e municípios para manter intacta a agiotagem oficial que consome quase a metade do Orçamento Geral da União.
A pseudo-austeridade, a pseudo-disciplina orçamentária, o enfrentamento e a ruptura são tratamentos dispensados exclusivamente aos de baixo, aos servidores.
A impressão que se tem é que para esta gente que está governando, dos municípios, passando pelo governo estadual e chegando ao federal, os trabalhadores devem dar graças a Deus por terem uma renda superior ao Bolsa-Família. É o padrão salarial “Fome Zero” que está sendoconstruído na Era Lula: todo mundo fazendo pelo menos três refeições por dia.
E nada mais!
A sociedade não pode e não deve aceitar isto.
Presidente do PSOL-PE