Priscila Krause, no www.blogdepriscila.com.br Ontem, caminhões novinhos foram os carros alegóricos de mais uma armação demagógica, dessas que a população já está cansando de ver nas administrações petistas.
O prefeito queria criar um factóide para empurrar pra baixo do tapete a ingerência política e a tibieza administrativa que toma conta da cidade nos últimos seis meses.
O Recife é uma cidade que cheira mal, e não apenas pelo acúmulo de resíduos que atravancam as nossas ruas, calçadas, morros, rios e canais.
A prática de governar através de grandes contratos anunciados de minúsculas consequências para o cidadão comum vem da época em que o atual prefeito era o supersecretário de planejamento.
A destinação do lixo foi um deles, anunciado com pompa e circunstância como um projeto revolucionário, que uniria tecnologia e sustentabilidade.
Até hoje é promessa, e virou polêmica com a vizinha Jaboatão.
Mas éstá longe de ser só isso.
Quem lembra da Usina Multicultural do Caiara, lançado em 2004?
Ou do multi-inaugurado Parque Dona Lindu, onde os principais atrativos são o monumento à primeira família e um criatório da Dengue?
Ou da belíssima Via Mangue, estrategicamente lançada e relançada em ano eleitoral?
Ou do acordo salarial firmados pelo prefeito anterior e pelo ex-secretário, hoje descumprido, com várias categorias profissionais do funcionalismo público municipal?
O prefeito João da Costa declarou que a “auto-estima elevada” da gestão é fruto “de um trabalho conjunto”, justificando a presença maciça da equipe no desfile do lixo.
Se a simples mudança de prestadora de serviço na coleta de lixo do Recife merece a mobilização de tantos, seria de esperar ao menos que os senhores na passarela tirassem a fantasia de entrosamento e se juntassem aos garis na tarefa de limpar as ruas - pois foi essa equipe de alto astral, sob o apito do regente prefeito, que deixou a sujeira virar bolor na cidade nos últimos seis meses.
Fecho este comentário com um trecho da coluna de Luce Pereira, no Diário de Pernambuco de hoje, que ilustra o ceticismo que passam a ocupar a agenda real das pessoas, em contraponto à agenda festiva da prefeitura: “Diante de repertório de medidas ainda tão minguado, depois de seis meses de mandato, parecia esforço para tirar leite de pedra, o que, de certa maneira, preocupa.
Se ações simples assim demoram tanto tempo a contecer que são celebradas com tamanho estardalhaço, alguma de caráter especial deverá aparecer aos olhos da população em forma de espetáculo.
Nada do que foi visto ontem, com o reinício dos trabalhos sob a batuta da nova empresa, asseguraque, enfim, o calendário de obras e investimentos vai seguir o ritmo normal.
Para a confiança na gestão ganhar alguma força, falta o secretariado mostrar o rosto e colocar a mão na massa, depois de vencer, é claro, a resistência do chefe, o que - segreda gente muito próxima - não tem sido tarefa das mais fáceis.
Nenhum governo pode acontecer a portas fechadas, guardando a sete chaves planos que são vitais para a qualidade de vida da cidade que governa.”