Do estadao.com.br “Edmar não cometeu crime nenhum.

Se ele cometeu um crime, cometeu sem saber”.

Essa é a opinião do deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), que ficou conhecido por dizer que estava “se lixando para a opinião pública” e foi afastado da relatoria do caso Edmar Moreira (sem partido-MG), o dono do castelo.

Após se livrar da cassação, na semana passada, Edmar foi absolvido ontem de punição mais branda- suspensão por quatro meses das prerrogativas parlamentares.

Resta um terceiro relatório pela absolvição de Moreira e arquivar o pedido de punição.

Moraes diz ainda que não se pode dizer que o Conselho “abafou” o caso envolvendo o seu colega. “Mas que abafou o caso.

Que caso?

O Edmar não cometeu crime nenhum.

Se ele cometeu um crime, cometeu sem saber”, afirmou.

Dono de um prédio em forma de castelo, em Minas, de valor estimado em R$ 25 milhões, Moreira foi parar no Conselho de Ética após ser acusado do uso irregular da verba indenizatória - a qual os parlamentares têm direito para custear despesas em seus Estados.

Para Moraes, que deveria ter relatado o caso, Edmar Moreira foi alvo do Conselho devido à “pose” de alguns deputados. “Apontaram o dedo para Edmar e aí ficaram como o monopólio da ética.

Vá ver a fundo para ver como é que é”, disse.

Abaixo, confira os principais trechos da entrevista: Como o senhor avalia este resultado?

Este resultado é evidente, a Casa cria alguns, tem alguns que fazem pose para a população, para a comunidade, enfim e na verdade o que aconteceu foi o seguinte, se Edmar cometeu um crime cometeu sem saber porque não havia proibição para usar as verbas indenizatórias na própria empresa.

Tanto que ele nunca negou isso.

Ele foi jogado em praça pública, execrado, para, na minha opinião, é minha, para manter a Casa com uma imagem de que a Casa pune, não permite, que a Casa isso e aquilo.

Se ele cometeu um crime cometeu sem saber.

Mesmo caso das passagens.

Na sua opinião, o resultado do Conselho de Ética pode ser interpretado como um reflexo da sua declaração polêmica, de que está “se lixando para a opinião pública?’’ O que na verdade, que vocês não publicam, é que talvez estejamos nos lixando para a imprensa.

A imprensa vendeu a imagem de que ele teria roubado o castelo da Casa.

A nação brasileira pensa, pensava pelo menos que ele desviou dinheiro aqui da Câmara para construir o castelo de R$ 25 milhões.

Isso não é verdade- ele tem há 25 anos e ele é deputado há 7 anos.

E a cassação dele seria por ter ou não o castelo porque o crime cometido por ele perante os olhos é o castelo, não tem outro.

E isso foi uma inverdade da imprensa.

O castelo até pode ter roubado mas não foi aqui da Casa porque ele não estava aqui.

A Imprensa queria que assinássemos de avalista numa mentira e eu não aceitei- e agora percebi que outros também não.

Mas agora dizem: tem outro crime, o da verba indenizatória.

Mas aí não tinha nada que proibia.

Tanto é verdade que existiu decisão da Mesa após o fato, normatizando.

Então foi um descuido?

Ele não sabia que não podia, porque nada proibia, assim como as passagens.

Vender foi aquele relator, que vendeu.

O próprio relator, Nazareno, fez uma pose terrível, jogou para a plateia.

Ele vendeu as passagens do gabinete dele, vou te repetir, foram vendidas.

Isso sim é falta de decoro parlamentar.

E estava lá, fazendo pose do homem mais íntegro e honesto.

Eu não aguento esses teatrinhos, coisas que valem para um e não para outro.

Eu não aguento isso e por isso que vou largar da política, minha formação pessoal, não aguento esse tipo de coisa.

Mas o senhor não disse que se reelegeria, na frase, que está no sétimo mandato?

Estou no sétimo mandato mas aqui nessa Casa eu não sabia que era assim.

Minha mulher foi deputada e tinha me dito, mas eu não sabia.

Como assim?

Isso aqui na verdade, resumindo, é um jogo, é onde uns, para fazer pose de dono de ética e monopólio da ética -e não tem ética, mas tinha que mostrar para a população.

Então o que tiveram que fazer?

Apontaram o dedo para o Edmar e com isso passaram a ter o monopólio da ética.

Vai ver a fundo eles para ver como é. É um jogo que não me serve.

Edmar vai ser absolvido porque na minha opinião não cometeu crime nenhum.

Se agora, depois da normatização (cometer), aí sim, está cometendo crime porque agora está prometido.

Mas antes não tinha nada que proibia.

Abafaram o caso no Conselho de Ético?

Não é abafa caso.

Mas que caso?

Não tem caso.

O sujeito cometeu que crime?

Emprestou notas da sua própria empresa?

Ele negou que fez isso?

Não negou, ele não sabia que não podia.

Ta aqui.

Agora Mesa fez (as regras).

E a sua declaração, se arrepende? É uma gíria de guri, tenho habito de dizer estou me lixando, e apanhei bastante por isso.

Vou me eleger igual.

Mas Edmar não cometeu crime nenhum.

Se ele cometeu crime por ter usado notas da sua própria empresa crime maior cometeu Nazareno de ter vendido (Nazareno Fontelles, do PT-PI, foi o primeiro relator do caso Edmar, substituindo Moraes.

Em seu parecer, sugeriu a cassação do dono de castelo, mas foi derrotado).

Essas coisas que não aguento.

Eu vou apanhar muito na vida porque não aguento esse tipo de coisa.

Desculpe desabafar contigo.

Tem coleguismo, vício da amizade no Conselho?

Não, ali não tem amigos.

Ali tem raras exceções, interesses particulares.

Cada um tenta salvar sua pele e jogar lá para a torcida.

E eu não faço isso.

Eu podia ter feito isso, como relator fazer discurso bonito, mas que crime que ele cometeu?

Nenhum.

Como isso vai repercutir na opinião pública?

Se a imprensa publicar só a verdade.

Que o castelo ele tinha antes.

E as verbas, não tinha regras.

A que o senhor atribui a absolvição de Edmar?

Absolveram porque os deputados estão com a pura verdade.

O castelo ele não desviou porque já tinha.

Ponto.

Então não está na pauta.

Verba indenizatória não tinha nada que proibia, então ele não cometeu crime nenhum.

Alguns deputados até que votaram com pouco de medo mas não fugiram da verdade.