Por Terezinha Nunes O presidente Lula recebeu em Paris esta semana o prêmio Feliz Houphnet-Boigny, concedido pela Unesco a quem trabalha pela paz social.

Na solenidade, foi dito que muitos ganhadores deste prêmio acabaram recebendo o Nobel da Paz, o que não significa que o nosso presidente vá ganhar o Nobel até porque em um país onde a violência urbana mata mais gente do que grandes guerras, vai ser difícil Lula ganhar tal distinção sem que até agora tenha feito nada, absolutamente nada, para socorrer os estados que pagam sozinhos a conta da segurança pública.

A imprensa brasileira deu destaque ao prêmio, apesar da insólita manifestação de ativistas da causa ecológica durante sua entrega, em protesto pelo desmatamento da Amazônia.

Bem, mas parece que o destaque não agradou a alguns amigos do presidente como o jornalista Ricardo Kotcho que lançou protesto em seu blog reclamando que a Folha de São Paulo e o Estadão não deram a notícia em manchete de primeira página.

Alto lá, Kotcho, grande jornalista, diga-se de passagem, mas que se deixa inebriar pelo fato de ter sido assessor de Lula durante muito tempo.

Alto lá…. colega.

Seria difícil a manchete pretendida.

Não é que o prêmio não valesse mas, convenhamos, o nosso Presidente andou passando dos limites esta semana e a honraria acabou sendo prejudicada por conta única e exclusiva dele próprio.

Um dia antes de seguir para Paris, Lula humilhou o PT e o Congresso, interferindo diretamente na crise para defender Sarney pura e simplesmente por achar que se Sarney sair do Senado a oposição pode assumir o posto e prejudicar as pretensões dele, Lula, de eleger sua candidata a presidente, a ministra Dilma.

Nunca antes na história deste país se viu algo parecido.

Um presidente, a pouco mais de um ano de uma eleição, interferir no Congresso, defender a corrupção - tudo o que Sarney representa hoje - e dizer que vale tudo em função de 2010.

Por essas e outras é que o Brasil vai mergulhando na descrença, os jovens já não manifestam indignação com nada, a crise moral vai se agudizando e fica dificil comemorar um prêmio internacional, mesmo que seja importante, como foi o caso.