Por Anatólio Julião Ao iniciar a leitura do JC de hoje, pensei que tinha retroagido ao dia 7 de janeiro de 1963 - faltando três semanas para o governador eleito de Pernambuco, Miguel Arraes, assumir o cargo - dia em que os camponeses Ernesto Batista do Nascimento e o filho, João, e os irmãos Israel e Zacarias Batista do Nascimento e Antonio Soares de Farias foram reivindicar da Usina Estreliana, em Ribeirão, o pagamento do 13º salário e nunca mais voltaram, tendo sido friamente metralhados pelo truculento usineiro José Lopes de Siqueira Santos e seus capangas, os quais, diga-se de passagem, com base no “inquérito” conduzido pelo tristemente célebre delegado Romildo Leite, terminaram sendo absolvidos pelo terrível massacre. À época, por absolutamente inadmissíveis, os bárbaros assassinatos, em Ribeirão, chocaram a opinião pública nacional e tiveram, até mesmo, repercussão internacional.
Chacina de trabalhadores rurais, como a de Eldorado de Carajás, ilustrada acima, em Pernambuco, é ainda mais intolerável quando vivemos em pleno Estado de Direito, usineiro é líder trabalhista e até candidato a senador, e a violência é combatida no Estado com, o muito USP, “Pacto pela Vida”.
Devemos, todos, cobrar rigorosa apuração dos fatos e que os culpados, sejam quais tenham sido os seus motivos, levados às barras dos tribunais.
Anatólio Julião é sociólogo