Da Agência Estado Para estimular a economia, o governo quer agora reforçar o estímulo ao crédito.

De acordo com o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, isso será feito com medidas como a redução dos juros, em detrimento dos benefícios fiscais. “Cada vez está mais difícil reduzir impostos”, disse.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirma este cenário.

Segundo ele, se necessário, o governo poderá liberar mais o compulsório.

Isso significa que os bancos recolheriam menos recursos ao Banco Central e, com isso, teriam mais dinheiro para emprestar.

Segundo Miguel Jorge, o Ministério estuda atualmente um mecanismo para estimular as exportações, especialmente de pequenas e médias empresas, e possíveis incentivos ao setor têxtil.

O ministro lembrou ainda que, mesmo antes do acirramento da crise financeira, sua pasta já trabalhava com medidas para estimular setores específicos, como aqueles que fazem parte da política de desenvolvimento produtivo, que engloba, entre outros setores, o de inovação tecnológica, fármacos e indústria naval.

Economia mantida O ministro da Fazenda afirmou que o governo vai manter a meta de 2,5% do PIB de superávit primário neste ano e que, em 2010, tal poupança do Orçamento deve subir e retornar para 3,3% do PIB. “O superávit primário deste ano será aquele já anunciado por nós de 2,5%.

Estamos fazendo um superávit primário menor este ano para poder fazer as medidas anticíclicas que estão dando muito certo”, comentou. “Mas isso não compromete as contas públicas.

Nós continuamos mantendo a relação dívida/PIB baixa e, para o próximo ano, voltaremos para o superávit primário de 3,3% do PIB”.

O ministro ressaltou que o governo vai manter seu cronograma de investimentos públicos e a liberação de recursos para programas sociais, como Bolsa Família, ao mesmo tempo que as contas públicas permanecerão sólidas e o País manterá a estabilidade fiscal. “Em nenhum momento, eu pensei em reduzir mais o superávit primário para este ano.

Alguns andavam falando em primário zero.

Isto não é verdade, pois nós vamos manter a meta do superávit e também a solidez das contas públicas brasileiras”, comentou.

Conjuntura Mantega afirmou que o Brasil, apesar de ser afetado pela crise internacional, deve apresentar uma criação líquida de 500 mil a 700 mil empregos em 2009.

O ministro referiu-se à geração de postos de trabalho computada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). “No ano passado criamos 1,6 milhão de empregos.

Neste ano será um pouco menos, mas, mesmo assim, haverá geração de postos de trabalho”, disse.

Durante cerimônia de posse do novo presidente da Nossa Caixa, que agora será dirigida por Demian Fiocca, Mantega fez um balanço da conjuntura econômica nacional e das ações de política fiscal e monetária anticíclicas que o governo adotou para atenuar os efeitos da recessão mundial sobre o País.

Ele ressaltou que a ação dos bancos públicos está sendo fundamental para restabelecer a normalidade da concessão de crédito e lembrou que tais instituições apresentaram um avanço de 20% na liberação de financiamentos, em relação a setembro do ano passado, enquanto os bancos privados mostraram incremento menor, próximo a 2%.

O ministro afirmou também que, devido à liberação de R$ 100 bilhões de depósitos compulsórios para bancos comerciais, redução da Selic desde janeiro e incentivos fiscais para aumentar a demanda agregada, como a redução de impostos para compra de carros, produtos de linha branca e materiais de construção, os estoques das fábricas “já foram consumidos”.

Para ele, o setor industrial deve manter uma trajetória crescente, na margem, até o final do ano, que permitirá que o País possa registrar crescimento de julho a dezembro. “O segundo semestre será melhor que o primeiro.

No último trimestre poderemos ter uma expansão de 3% a 4% do PIB (em relação ao mesmo período do ano passado) como prevê boa parte dos analistas”.

O ministro ressaltou que, em 2009, o País pode registrar uma leve expansão. “Para 2010, poderemos atingir uma alta do PIB de 4% a 4,5% tranquilamente e, em 2011, avançar de 5% a 5,5% restabelecendo, assim, a nossa trajetória de crescimento”.