(Foto: Arnaldo Carvalho / JC Imagem) Renato Lima, no Café Colombo Em setembro de 2002 Ronildo Maia Leite esteve no então recente programa da Universitária FM chamado Café Colombo, conduzido por jovens que ainda passariam, pelo menos, mais dois anos para terminar a sua graduação.

E, sem nem 10 programas gravados, recebíamos um mestre do jornalismo, que iniciou a entrevista de forma extremamente simpática e encorajadora: “Primeiro quero agradecer a boa vontade e alegria que estou sendo recebido por vocês aqui.

Para mim é um prazer muito grande pois estou na frente de dois rapazes de vinte e poucos anos de idade e quem fala aqui é um homem que está chegando aos 72 anos. É muito bom ser reconhecido pela nova geração que está chegando.

Chegando para fazer aquilo que eu fiz, durante a minha vida toda, que foi o jornalismo”, disse Ronildo.

Ele estava lá para falar dos lançamentos “História das Eleições no Recife”, dividida em dois volumes, sendo o segundo iniciado a partir do regime de 1964. “Eu fui um dos primeiros presos políticos daquela época.

Eu fui preso no dia 1º de abril de 1964 quando Arraes ainda era governador, Jango presidente e Pelópidas prefeito e às 9h da manhã eu já estava em cana”, relembrou.

As publicações ali reunidas já tinham rendido quatro prêmios Esso a Ronildo, que destacou o papel da experiência – e memória - para um bom jornalista.

E lembrou passagens importanets da política pernambucana, como essa: “O trabalho político de Agamenon no Recife foi um trabalho eminentemente maravilhoso do ponto de vista de resultado para a população.

Mas Agamenon com toda força, todo o prestígio que tinha no Recife foi derrotado.

Foi eleito governador com os votos do interior, mas com os votos do Recife jamais”, afirmou, lembrando a participação ativa de Agamenon na imprensa partidária do PSD.

Na entrevista, Ronildo fala ainda da importância do jornal Última Hora, da profecia de um poeta que passava jogo do bicho e que fazia previsões acertadas, inclusive para Arraes.

Ainda sobre o ex-governador, Ronildo falou: “Arraes se tornou um mito em função do golpe militar de 1964.

Uma das grandes dificuldades que existia naquele instante era fazer com que Arraes escapasse daqui sem virar um mito.

Aí dentro (do livro) eu conto a história da saída dele para a embaixada da Argélia.

E conto a história aí dentro também das presepadas – desculpa a expressão – que ele fez para ficar rico no exterior”, disse Ronildo, que depois fala longamente da trajetória de Arraes, mostrando certo distanciamento.

Descanse em paz, Ronildo.

Pernambuco tem muito a lhe agradecer por esse longo trabalho jornalístico e a vibração pela reportagem que você sempre demonstrou.