Inaldo Sampaio, em seu blog Comecei a trabalhar na imprensa escrita em 1978 quando deixei a Universidade Católica de Pernambuco com um diploma de jornalista debaixo do braço.
Tive uma rápida passagem pelo “Diario de Pernambuco”, que não foi além de três ou quatro meses, trabalhando na editoria de política sob a chefia de José Danda Neto, quando o editor de primeira página, Jodeval Duarte, chamou-me à sua mesa de trabalho e me deu a notícia: - Surgiu uma vaga na sucursal de “O Globo”, o chefe Ronildo Maia Leite me pediu uma indicação aqui do “Diario” e eu sugeri seu nome.
Ele está atrás de um repórter jovem, caçador de notícia e que tenha disponibilidade de tempo para viajar.
Procure-o amanhã após às 11h na sede da sucursal na Rua do Riachuelo (Edifício Círculo Católica).
Foi o meu primeiro encontro com um dos monstros sagrados do jornalismo pernambucano, que até então eu só conhecia de nome.
A conversa não durou mais do que 20 minutos.
Ele me disse o que gostaria que eu fizesse: fazer companhia ao repórter Luiz de Faria Filho na cobertura dos fatos políticos de sete Estados da região (além de Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão e Pará), falou sobre a questão salarial e me deu um prazo de uma semana para que eu me desligasse do “Diario” e começasse a trabalhar no jornal de Roberto Marinho.
Foram 14 anos de uma convivência sadia, respeitosa, cavalheiresca e de muito aprendizado jornalístico.
Diria mesmo, sem qualquer exagero, que ele foi o maior professor de jornalismo que eu tive nesses 30 anos de profissão.
Pois, além de chefe da sucursal, ensinava diariamente aos seus repórteres (eu, Fernando Castilho, Lula Faria, Roberto Tavares, Luiz Augusto Falcão, Geraldo Sobreira, Marcos Cirano, Pedro Luiz Ferreira e outros) como deveríamos nos comportar diante da notícia, já que nesse particular ele era um craque: Quatro Prêmios Esso de Jornalismo, dos quais dois nacionais por ter feito a melhor manchete de jornal, com passagens pelo Jornal Pequeno, Diario de Pernambuco, edição nordestina do Última Hora, Diário da Noite, revista Veja, O Globo e Jornal do Commercio, onde assinou durante 11 anos a coluna dominical “Bom Dia, Recife”.
Foi ele quem sugeriu meu nome ao JC para escrever a coluna “Pinga Fogo”.
Trabalhamos juntos até meados de 92, quando me desliguei voluntariamente da sucursal para encarar novos desafios, embora já tivesse sido indicado por ele aos nossos superiores no Rio de Janeiro para substituí-lo na chefia.
Tinha o pavio relativamente curto e não fazia concessão à desonestidade nem à burrice.
Foi um profissional honesto, correto, sério, talentoso e um grande contador de histórias de que são exemplo seus livros “As fornadas de março” e “Os vulcões de abril” sobre as eleições em Pernambuco da década de 40 para cá.
Sua morte, ocorrida neste domingo, aos 78 anos de idade, não foi propriamente uma surpresa para nós, seus amigos e discípulos, porque vínhamos acompanhando há muito tempo a gravidade do seu estado de saúde.
Mas deixará uma enorme saudade.
Descansa em paz, grande e querido companheiro!