Por João Valadares, de Cidades / JC Depois de muita polêmica em relação à destinação final do lixo produzido no Recife, a prefeitura vai dispensar licitação e deve assinar contrato até amanhã com a empresa CTR-Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana.
O aterro sanitário privado para tratamento dos resíduos sólidos, que segue todas as recomendações ambientais e é fiscalizado pela Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH), fica ao lado do Lixão da Muribeca, que será fechado na quinta-feira por recomendação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
Os últimos detalhes da operação vão ser definidos hoje.
Até ontem, ainda restava a dúvida se um percentual menor dos resíduos sólidos produzidos no município seria levado para o aterro sanitário da empresa CTR-Pernambuco, em Igarassu, no Grande Recife.
O fato é que, com a nova destinação, a cidade do Recife vai, pela primeira vez, conseguir tratar o lixo de maneira adequada.
Segundo informações da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), a capital gasta aproximadamente R$ 1,8 milhão para realizar a operação no Lixão da Muribeca.
Com a mudança, a Emlurb informou que deve desembolsar entre R$ 100 mil e R$ 200 mil a mais.
No entanto, o município pode se habilitar para receber o ICMS ambiental, imposto recolhido por cidades que garantem tratamento do lixo.
O secretário de Serviços Urbanos da Jaboatão dos Guararapes, Evandro Avelar, informou que o município também deposita o lixo no aterro sanitário da CTR-Candeias e recebe R$ 700 mil todo mês de ICMS ambiental por tratar adequadamente os resíduos.
Os preços praticados pela CTR-Candeias no contrato firmado com Jaboatão serão mantidos para o Recife.
A empresa cobra R$ 31,44 por tonelada de lixo domiciliar e R$ 23,84 pelos resíduos provenientes da varrição nas ruas, os chamados entulhos.
O preço médio é de R$ 27,5 por cada tonelada.
Pelos valores médios, o Recife deveria gastar apenas R$ 1,65 milhão para tratar as 60 mil toneladas.
No entanto, o presidente da Emlurb, Carlos Muniz, explicou que o lixo produzido no Recife é diferente do de Jaboatão. “Aqui, produzimos muito mais lixo domiciliar.
Por isso, vamos gastar em torno de R$ 2 milhões”, explicou.
Pela manhã, o secretário de Serviços Públicos, José Humberto Cavalcanti, afirmou que a empresa CTR-Candeias reunia as melhores condições técnicas para realizar o tratamento. “Além disso, contou o fator de Jaboatão ser mais próximo do Recife.” A CTR-Candeias opera desde 2007.
Além de possuir clientes privados, grande parte de indústrias do complexo portuário de Suape, tem contratos com as Prefeituras de Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e Paulista.
Ao chegar ao aterro, os caminhões de lixo vão para a pesagem digital.
Fiscais da prefeitura acompanham todo processo para evitar qualquer tipo de fraude.
De lá, os resíduos são depositados num área impermeabilizada para evitar qualquer tipo de contaminação do solo e dos mananciais.
O chorume, líquido escuro proveniente da decomposição dos resíduos e altamente poluente, é encaminhado a uma estação de tratamento.
Após passar por processos físicos e biológicos, é descartado no Rio Jaboatão.
Uma pequena parte é utilizada na própria empresa.
CATADORES Hoje, também deve ser definido o que será feito com os 1.250 catadores que ganhavam a vida no Lixão da Muribeca.
A Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes já se antecipou e protocolou proposta no Ministério Público de Pernambuco.
De acordo com o documento, o Recife ficaria responsável por oferecer retaguarda social a 77% dos catadores, Jaboatão 20% e Moreno 3%.
O cálculo foi baseado na quantidade de lixo que cada município depositava no local.