Veja o discurso que a deputada Terezinha Nunes (PSDB) iria realizar na sessão de hoje (30): Com dois anos e meio de vida imaginávamos que o Governo Eduardo Campos fosse demorar um pouco mais a mostrar sinais de esgotamento.
Mas, infelizmente, não é isso que estamos vendo.
Como se não bastassem a falta de respostas na segurança pública e na saúde – esta mergulhada em um permanente caos – verificamos que a tradição de Pernambuco de bem cuidar de seus órgãos afins e das nossas poucas estatais está indo para o fundo do poço.
Ainda em 2007 já demonstrávamos nesta tribuna a precariedade do trabalho realizado no Lafepe, um laboratório que virou referência nacional no Governo Jarbas e que foi citado pelo Ministério da Saúde de então como modelo a ser seguido.
Bastaram seis meses da atual administração para que o Lafepe acusasse quedas acentuadas na produção de medicamentos e na sua comercialização, desabastecendo farmácias e deixando ao léu os pobres que a elas recorriam, adquirindo a preço de custo medicamentos básicos.
Logo em seguida também demonstramos, e aí foi mais grave, que o Lafepe tinha deixado que toneladas de medicamentos perdessem o prazo de validade.
Chegamos, inclusive, a solicitar auditoria especial do TCE no órgão cujo resultado deve sair proximamente.
Depois chegou a vez do Hemope que se encontra, pelo que verificamos em visitas feitas por deputados de oposição ao órgão, em grandes dificuldades, inclusive prestes a suspender os transplantes que realiza e que também, no Governo anterior, foram motivo de referência nacional na área.
Mas hoje, srs deputados e deputadas, cuidaremos principalmente de um outro órgão de igual envergadura e que, novamente, foi citado com prêmios de excelência no Governo Jarbas.
Este órgão e o Detran que acaba de perder seu segundo dirigente em dois anos.
Encontrado na gestão anterior em completa deterioração, o Detran foi totalmente reestruturado, redimensionado, acabou com a balbúrdia provocada pelos quatis, atravessadores que faziam intermediação entre usuários e funcionários que “facilitavam”, entre aspas, o acesso ao órgão a troco de benesses, numa flagrante prática de corrupção.
Descentralizado, passando a atuar em vários locais, o Detran não só se modernizou como passou a ser conhecido pela agilidade na tramitação de processos, sepultando de vez a imagem de morosidade e inoperância que possuía.
Isso fez com que departamentos de trânsito de outros estados para cá enviassem seus funcionários para conhecer o resultado da “revolução pernambucana” em seu órgão de trânsito.
Ao mesmo tempo os dirigentes tiveram que atender a inúmeros convites para mostrar a experiência conseguida em seminários realizados pelo país.
A educação de trânsito foi outro destaque com os famosos palhacinhos do Detran, ganhando a confiança, o respeito e o apreço da população.
Por conta dessa atuação os prêmios vieram às dezenas.
Em 2004 o prêmio Denatran pela melhor campanha educativa “Motos: mais atenção, menos acidentes”.
Em 2004 também o 2.o lugar no Prêmio Governo para o Cidadão do Ministério do Planejamento.
Diversos prêmios nacionais na categoria Cidadania pela Internet.
Entre eles o prêmio Ibest 2003 – Top 10 como um dos dez melhores sites do Estado.
Tudo isso aparentemente foi esquecido.
Hoje não se sabe exatamente o que o Detran faz.
E nem o discurso oficial tem sido capaz de dirimir estas dúvidas.
Esta semana, instado a se pronunciar sobre o balanço da gestão do diretor do órgão, recém afastado, Roberto Leandro, o secretário Humberto Costa só falou na implantação do programa de habilitação popular.
O próprio ex-dirigente só conseguiu acrescentar ao Programa de Habilitação citado que tinha ampliado o número de agentes de 25 para 150 e de viaturas de 8 para 30, sem especificar que ampliação era essa e onde.
De qualquer forma o número, pela dimensão do Detran, é irrisório.
O lamentável em tudo isso é um órgão de excelência passar a ser alvo de especulações de toda natureza porque não se conseguiu gerí-lo a contento.
As deficiências da máquina já são comentadas em todas as rodas.
Há pouco tempo, por exemplo, o sistema de informática, que na gestão passada ganhou prêmios nacionais como aqui foi citado, pifou e ficou fora do ar mais de uma semana.
Teria sido invadido por vírus, ou seja,não estava suficientemente protegido contra a pirataria.
Há ainda denúncias de mal funcionamento das Ciretrans em vários municípios interioranos onde locatários de imóveis onde funcionam estes órgãos reclamam da demora no pagamento de aluguéis, ameaçando reaver os imóveis.
O descaso, a desatenção permeia todo o sistema.
Nos postos avançados os funcionários já não atendem os usuários com a presteza anterior.
E para completar, esta semana o presidente do Sindicato das Auto-Escolas, Jorge Viana disse ter em seu poder documentação que comprovaria que uma locadora de Minas Gerais conseguiu emplacar 400 veículos em Pernambuco sem o visto da Delegacia de Roubos e Furtos.
Não estamos aqui para levantar suspeitas sobre a participação do dirigente afastado neste tipo de operação de natureza grave, mas no mínimo, a denúncia merece uma resposta que até agora não foi dada.
O mínimo que se esperava do atual governo era que mantivesse o nível de excelência que o Detran conseguiu ter no Governo passado.
Imaginava-se atender que avançasse mais, como seria admissível pelo treinamento obtido pelos funcionários.
Mas, pelo visto, o Detran ou está parado ou está andando para trás.