Por Augusto Coutinho Vi com espanto, perdido na Estrada do Arraial, um outdoor do partido do governador.

Não sei se é recente ou se sobra de alguma campanha, mas o que me chamou a atenção foi o que se veiculava nele.

O partido sugere que a vinda da refinaria e do estaleiro para Pernambuco é obra do PSB.

O texto diz: “Refinaria, estaleiro e mais de 100 novas indústrias gerando emprego e renda.

O PSB faz mais por Pernambuco”.

Não é novidade.

Em 2007, com pouco menos de dois meses de gestão, Eduardo Campos, também através de outdoors, já tentava passar para os pernambucanos que tinha sido ele o responsável pela vinda do estaleiro.

Afirmava então que em 34 dias o investimento tinha saído do papel.

A oposição, na época, respondeu também com outdoor.

Fiz pronunciamento na Alepe no lançamento da campanha e já chamava a atenção para o estelionato político do governo.

Não queria como não vou entrar em picuinhas sobre quem é pai ou mãe disso ou daquilo outro.

A refinaria, o estaleiro, a BR 232, a Hemobrás e tantas outras empresas e investimentos são conquistas de todos os pernambucanos.

Mas não é aceitável, sob todos os pontos de vista, sobretudo o ético, que um grupo, um partido ou o governador queira se apropriar.

Infelizmente, tem sido um hábito da atual gestão o uso do engodo, das apropriações indevidas das ações de outros, das placas que comemoram obras que ainda não foram entregues e outras que sequer iniciaram.

O pior, no entanto, é a campanha sistemática que tentam fazer para dizer que a história de Pernambuco começou em 2007.

Falam, por exemplo, que Pernambuco começou a crescer mais que a média nacional a partir de 2007.

Mentira.

Uma consulta ao site do IBGE mostra claramente que o Estado vem crescendo mais que o Nordeste e que o Brasil desde o primeiro ano da gestão Jarbas Vasconcelos.

O atual governo recebeu um Estado equilibrado, preparado com infraestrutura moderna, e que conseguiu se consolidar como um dos mais competitivos do país, atraindo investimentos e obras de peso, sobretudo através de programas como o PRODEPE.

Não é demais lembrar que, em campanha, o governador questionava o programa.

Assumiu, mudou de ideia e o manteve.

Voltemos ao outdoor do PSB.

A vinda da refinaria se deve sobretudo às condições de Suape e à infraestrutura que foi consolidada ao longo de 30 anos, pelas mãos de diversos governos.

Mas que recebeu na gestão passada o caráter de prioridade, como fez questão de frisar o próprio presidente Lula, em 2005, no lançamento da pedra fundamental: “Esta refinaria só está sendo possível por causa do empenho do governador Jarbas Vasconcelos”.

Quem quiser conferir, a frase está no site do Porto de Suape (https://www.suape.pe.gov.br/noticias_.asp?noticia=430).

Na disputa pelo estaleiro, as condições oferecidas por Pernambuco - Complexo Industrial e Portuário de Suape, a infra-estrutura física do Estado que foi totalmente readequada no Governo Jarbas/Mendonça, a localização etc - foram decisivas para a Camargo Correia desistir de construir um estaleiro em Vitória no Espírito Santo em parceria com a Andrade Gutierrez e a Mitsui.

A Camargo então partiu para um consórcio com a Queiroz Galvão, a Pomar e a Sangung, que iriam construir um estaleiro no Rio Grande do Sul, e terminou decidindo por Pernambuco.

Uma das condições oferecidas pelo Estado foi bancar a infraestrutura de acesso para a construção do Estaleiro – estrada rodo ferroviária e obras de dragagem.

O Governo da União por Pernambuco fez a licitação para a obra (orçada em R$ 89 milhões), tendo deixado pago mais R$ 40 milhões com recursos estaduais.

Entendo, por outro lado, a ânsia do governo de tentar se creditar pelo que não fez.

Quem prometeu tanto em campanha, e até agora não cumpriu, quem não tem o que mostrar só pode mesmo usar realizações de outros.

Mas isso, no fim, é apenas uma tentativa de encobrir a própria inércia e incompetência.

Nenhum outdoor é capaz de esconder isso.

Pernambuco tem memória.

PS: Augusto Coutinho é deputado estadual pelo DEM e é líder da oposição e escreve para o Blog sempre às segundas.