Por Gilvan Oliveira, de Política / JC Desmando.
Quadrilha.
Loteamento do poder.
Foram vários e pesados os termos usados pelo prefeito Elias Gomes (PSDB) ao se referir à gestão do antecessor, Newton Carneiro (PRB), durante a campanha eleitoral de 2008 e mesmo após eleito.
Ele também procurou se desvincular dos “desmandos” de Jaboatão ao criticar a “omissão” de ex-prefeitos, sem nominá-los.
Pregou a “ruptura” com as práticas do passado.
Mas as críticas não o impediram de aproveitar quadros que figuraram em governos anteriores.
Três dos atuais 19 secretários participaram de administrações passadas, mais precisamente de Newton Carneiro, entre 2005 e 2008, e de Fernando Rodovalho (PRTB), de 1999 a 2004.
E alguns ocupantes de funções gratificadas do segundo escalão também são remanescentes do governo Newton.
Apesar de ser o alvo preferencial das críticas de Elias, na gestão Newton atuaram quadros do atual governo. É o caso do secretário municipal de Gestão da Receita, o economista Joel José da Silva, que foi assessor especial da Secretaria de Planejamento de Jaboatão entre 2007 e 2008.
Com Newton, ele trabalhou num “projeto de modernização da máquina pública”.
O titular da pasta de Assuntos Jurídicos, Henrique Leite, atuou como subprocurador de Jaboatão entre 2005 e 2007, também na gestão anterior.
Saiu junto com o então procurador-geral do município, Aldemar Santos, logo após a explosão do caso Yapoatan – quando a prefeitura pagaria uma indenização de R$ 960 mil a uma filha de Newton.
No segundo escalão, há alguns nomes em cargos-chaves, principalmente na Secretaria de Assuntos Jurídicos, que também foram do governo passado.
O atual subprocurador do município, Eromir Moura Borba Júnior, foi assessor jurídico.
Osias Ferreira de Lima Júnior, ex-assessor da Procuradoria Municipal, é membro da comissão de licitação da Assuntos Jurídicos.
E a gerente de contratos da prefeitura, a advogada Ana Laura Tenório Brito, foi assessora jurídica.
O terceiro caso de “secretário remanescente” é do titular da pasta de Administração Regional, o engenheiro José Carlos Campos, ex-secretário de Obras Públicas de Rodovalho.
Em resposta às denúncias de irregularidades disparadas por Elias, Newton e Rodovalho citam sempre seus ex-colaboradores, hoje aliados do tucano, para desqualificar o discurso de “ruptura” propalado pelo prefeito.
Newton, nas poucas vezes que rebateu as acusações de Elias, se referiu à presença de ex-auxiliares seus no atual governo como álibe de que não ocorreram irregularidades em sua gestão. “Se teve, por que ele nomeou gente do meu governo?”, indagou ele.
Rodovalho adotou a mesma linha ao contestar as acusações de Elias, de que teria deixado de prestar contas em convênios com a União. “Era José Carlos Campos o secretário que cuidava dos contratos e convênios na minha gestão”, lembra.
O prefeito Elias Gomes nega constrangimentos ao se referir com termos fortes a gestões onde seus auxiliares participaram.
E diz que não se propôs a descartar por completo os que colaboraram em gestões anteriores ao defender a ruptura. “Jamais eu poderia dizer que todos que passaram por aqui não prestam.
Como eles conhecem a máquina, ajudaram muito a levantar os problemas”, argumenta.
Elias também garante que sua equipe está afinada com a ruptura que tem defendido. “Essas pessoas votaram pela ruptura, foram às ruas e estão comprometidos com a mudança com profundidade”, assegura.