(Amarildo / Chargeonline.com.br) Por Sérgio Montenegro Filho, no blog www.polislivre.blogspot.com Uma tradição está, cada vez mais, se fixando no Senado brasileiro: a impermanência dos seus presidentes.

Desde a renúncia de Jáder Barbalho e Antônio Carlos Magalhães – ambos envolvidos com denúncias de corrupção – somente Garibaldi Alves cumpriu todo o mandato de dois anos para o qual foi eleito.

No ano passado, após denúncias de que teria recebido propina de um lobista, o atual líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros, também renunciou à presidência do Senado, sob muita pressão dos colegas e da sociedade.

A bola da vez no jogo dos escândalos, agora, chama-se José Sarney.

O atual presidente do Senado não sinaliza disposição de abrir mão do cargo, mas a cada dia, sua situação fica mais insustentável.

Não é o caso de repetir aqui todas as suspeitas que pesam sobre o coronel maranhense, senador pelo Amapá e, praticamente, senhor feudal em Brasília.

Quem tem acompanhado o noticiário sabe bem do que Sarney foi e tem sido capaz, nas suas três passagens pelo cargo.

Sim, porque ele já presidiu o Senado antes por duas vezes.

E foi na primeira, em 1995, que começaram a surgir os famigerados atos secretos – portarias nomeando apadrinhados, criando cargos e aumentando salários, que não foram publicadas no boletim oficial da Casa.

A última estripulia de Sarney só reforça o caráter patrimonialista com que ele administra seu mandato e o Senado.

Seu neto, José Adriano Cordeiro Sarney – economista pós-graduado em Harvard – foi denunciado como sócio da empresa Sacris Consultoria, Serviços e Participações Ltda., que tinha licença da direção do Senado para intermediar empréstimos consignados em folha para funcionários da Casa..

Um negócio rentável, sobretudo quando se tem costas largas.

A revelação dessa última controvérsia do presidente do Senado levou seus próprios colegas à tribuna para pedir sua saída do cargo, pelo menos até que se esclareçam todas as denúncias.

Sarney, por enquanto, não se mostra disposto a abrir mão do poder concedido a ele em fevereiro passado pelo Plenário.

Reafirma que vai comandar as investigações pessoalmente, apesar do contra-senso que a iniciativa implica.

Mas as pressões sobre o coronel tendem a aumentar, e o fantasma da renúncia voltou a rondar a instituição, que tem como principal finalidade – embora esteja longe disso – representar os interesses da Federação.

Por tudo que já assistimos ao longo dos anos no Senado, no final das contas Sarney deverá ter o mesmo destino dos seus antecessores.

Um triste estigma para o País.